domingo, 13 de outubro de 2013

Uma rua singular

A rua está deserta.
A noite escurece a fachada das casas.
Os candeeiros há muito se fundiram e nunca ninguém os veio substituir. Se é esquecimento ou propositado não se sabe dizer. Talvez faça falta alguém que não cale a voz e insista na reparação. Mas as gentes desta rua não parecem importar-se.
Muitas casas estão vazias e parecem abandonadas. Umas sem telhados, outras sem janelas. Mas têm portas que se aguentaram na ruína e batem em noites de ventania, muitas vezes confundindo-se com trovões em noites de tempestade.
Quem passa perto desta rua diz ouvir sons que se parecem com gritos abafados ou distorcidos. É um som que arrepia a pele e aperta o coração. Espalhou-se o rumor de que eram casas assombradas.
Uma jovem percorre essa rua todos os dias, até à última casa. Percorre sempre essa rua sozinha, e já sabe de cor o caminho, de modo a saber como o percorrer na escuridão.
Não lhe custou a solidão, e agradeceu o silêncio que se faz a maior parte dos dias e das noites.
Vê também um beneficio na escuridão quando se senta à janela fazendo festas ao gato vadio que um dia adoptou depois deste lhe aparecer em casa e lhe roubar metade do almoço. O melhor momento do dia é quando bebe o seu café e conta as estrelas.

3 comentários:

  1. R: Não vou dizer que gosto que tudo acabe sem explicação, ou sem uma despedida, pois faz-nos sofrer menos. Mas às vezes é necessário saber o porquê de tudo ter acabado para ficarmos melhores connosco, pois assim sabemos o erro que cometemos. As saudades permanecem, e a cada dia que passa é mais difícil.... De nada linda :')

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  2. R: Pois, talvez tenhas razão... Mas pronto, o que passou, passou. E agora há que ter coragem de seguir em frente, por muito que custe. Obrigada por as tuas palavras de conforto <3

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  3. R: Claro que tenho que agradecer, é bom ouvir conselhos novos que podemos seguir e saber que não estamos sozinhas, quando mais precisamos! <3

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