quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Os sonhos e o mundo irreal

As palavras já escapam, já se misturam no meio dos sentimentos.
Sinto repetir-me, no fluxo constante de amor, paixão, excitação, medo e ciúme. Quase me perco em mim mesma, sentindo-me em caminhos desconhecidos, que percorro pela primeira vez.
O medo vem daí também. Reconheço-me pessoa com novas metas, assustadoras e delicadas.
Permitir-me acreditar em coisas que nunca acreditei é quebrar barreiras que construí muito antes de ser quem sou hoje. Proteger-me faz parte do meu âmago. automaticamente levantei barreiras, construí muros, tornei-me racional e imparcial. Tornei-me a justiceira da razão em público, e, só em privado, comigo mesma, me permitia sonhar com o que considerava impossível. Hoje já não me deito na cama horas a sonhar acordada, hoje vivo o sonho que um dia não imaginei porque nunca quis chegar tão longe.
Quando lidamos com o sofrimento todos os dias aprendemos a queimar o coração, a deixar que o sangue estagne e nos percamos no tempo, sem pertencer ao ontem, ao hoje ou ao amanhã. Aprendemos a esperar facadas nas costas, murmúrios escondidos que nos difamam, chapadas brutais que nos cegam os sentidos, compreendemos o mundo como um local sujo, amargurado, desprovido de cores vivas.
No momento que o coração começa a bater e o mundo a ganhar cor, sentimos que foge de nós a realidade, que entramos num mundo alternativo e inexistente. Sentimos que será fugaz como os sonhos que um dia não conseguimos agarrar por mais que uma noite.

domingo, 27 de outubro de 2013

Mimos-Extra quando estás doente

27.Outubro.2013
  • Amo-te perdidamente
    É difícil não admirar a pessoa que és. Não vou dizer que não tens os teus defeitos,(...) Mas não é só de qualidades que as pessoas perfeitas são feitas. Comecei por gostar aos poucos de ti, conhecendo só as tuas qualidades. Pensei que não duraríamos muito tempo, sou sincera, por me pareceres alguém independente que não se queria apegar a ninguém. pensei que de ti não veria amostras de romantismo e carinho, mas comecei de inicio logo por aceitar "defeitos" que não tinhas. Surpreendeste-me positivamente (...), como posso agradecer-te por tanto que fizeste?Com o passar do tempo fui me sentindo cada vez mais importante para ti. E fui também me sentindo cada vez mais segura e apoiada. És um amigo que todos desejariam ter. (...) a verdade é que és a primeira pessoa em que vejo o esforço real de tentar compreender o meu lado e os meus sentimentos,de aceita-los, de perceber que aquilo que sinto não é a verdade absoluta, é apenas o que sinto, seja verdade ou não, e de, com tanta paciência, me repetires vezes sem conta que os meus medos são infundados, que não razoes para sentir o que sinto em algumas ocasiões. é por isso também que desvalorizo tanto os momentos em que fico triste contigo - esses momentos são uma parte tão insignificante destes meses que passámos juntos, destes meses em que fizeste tanto por mim, em que me fizeste rir, me limpaste as lágrimas, me abraçaste, me aconchegaste, me fizeste tão feliz! Aquilo que mais desejo é fazer-te tão feliz como nunca alguma vez imaginaste ser possível. Quero que sintas que tens uma pessoa a teu lado para tudo o que precisares, que não haverá uma queda que dês que eu não esteja a teu lado para te levantar, e cuidar das feridas que faças. Quero que sintas que não passarás um dia sozinho, mesmo que eu não esteja à tua beira. Quero que saibas que a minha amizade para ti é eterna.

    26.Outubro.2013"Para sempre" é das expressões mais assustadoras que se pode pronunciar. Não temos poder sobre o futuro, nem adivinhamos o que nos vai acontecer. Por isso, poderás não me ouvir dizer que quero ficar contigo para sempre. Ouviste-me dizer-te que gostaria de te amar para sempre, que nunca ninguém aparecesse e me roubasse o coração, como tu fizeste. Fui sincera. Por mim, juraria a pés juntos que ficaria contigo para sempre se mo permitisses, mas, dir-te-ei apenas que nunca fui tão feliz como sou contigo, e que quero ser feliz assim para sempre.


    25.Outubro.2013
    Como és lindo e eu amo-te mais que tudo, vou aqui dizer-te que nunca fui tão feliz como desde que te conheço. (...) obrigada por da tua maneira compreensiva me fazeres crescer. Contigo sou uma pessoa melhor.
    Vou retribuir todo esse carinho fazendo por ti tudo aquilo que esteja ao meu alcance .
    Obrigada.
    Amo-te sinceramente.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Coragem

Muitas vezes sou frágil e quebro. Quebro nas lágrimas que choro, nas náuseas que me tiram a fome, no aperto que me fecha a garganta e me custa respirar. Sou frágil nos momentos de pânico que me fazem querer gritar, sou frágil nos momentos de doçura que me fazem silenciar. 
Ainda sonho com a felicidade e ainda me acredito longe de a alcançar. Para mim alcançar a felicidade não é ter um vislumbre dela a cada virar da esquina enquanto corro para a apanhar; é sim toca-la, acaricia-la, é deixar o medo ir embora porque ganhei nova companhia.
Mas compenso essa fraqueza quando enfrento as gotas grossas da chuva e as deixo lavar-me a cara e encharcar-me até gelarem os ossos.
Sou forte quando  enfrento o silêncio e o tento apreciar. Sou forte também quando calo a dor que fica presa na garganta, embora se espalhe pelo meu corpo e me magoe. Sou forte quando enfrento o futuro, sem nunca desistir de mim. Sou forte quando aceito o passado, e aprendo com ele. Sou forte quando admito os meus erros e peço perdão. Sou forte quando perdoo quem me magoou mais que um dia imaginei ser possível. Sou forte quando ignoro defeitos e valorizo qualidades. Sou forte quando confio cegamente. 
Sou forte quando amo alguém mais que a mim própria.

Quebraste(-me)

Embrulho-me numa manta velha enquanto oiço o vento abanar a janela, tentando entrar...
Gostava de a abrir e de lhe fazer frente, mas provavelmente seria levada para longe, arrastada, e, de olhos fechados, deixar-me levar, desistir de tentar resistir a uma força poderosa como ele.
É isso que acontece quando tentamos resistir a uma força maior que nós. Somos atropelados por ela, somos levados com ela para o meio da tempestade. Não importa resistir, nunca será possível aguentar muito tempo. É preciso deixa-la passar por nós, arrasar-nos, despojar-nos do calor do corpo, deixar a nossa pele branca, os olhos rasgados com lágrimas dolorosas, e o corpo pisado e magoado. É preciso deixar uma ferida abrir e o nosso sangue criar uma poça aos nossos pés.
Custa muitas lágrimas quando uma rajada mais forte passa pelo meio de nós e nos quebra algo. A dor permanecerá na reconstrução, e não se sabe o tempo que durará a curar.

Declaração x1000

Ver a tua face iluminada na escuridão emociona-me, pois posso afirmar seres a minha luz.
Eu acredito nas declarações de amor, apesar de saber que nunca declaramos tudo, pois as palavras não alcançam a profundidade que o amor verdadeiro alcança.
Eu faço muitas declarações de amor, até num simples toque meu podes sentir o meu amor, ou ver nos meus olhos brilhantes quando te olham, e te vêem como um todo, como és, com todas as qualidades e com todos os teus defeitos e continuam a achar que és perfeito.
Cedo ou tarde sei que corres para mim e me alcanças para eu nunca ficar sozinha. Sei que não estou sozinha, sei que a tua presença é constante na minha vida, no meu pensamento, no meu coração. Fazes parte de mim, o meu coração tem o teu nome e a minha alma um pouco de ti.
Aconteça o que acontecer, seja a minha vida um inferno de dor, um fogo que me consuma, me enfraqueça, me sugue a vida, mas quero amar-te para sempre, quero eternamente pertencer-te. Eu sei que o que sinto é verdadeiro. Espero já ter conseguido transmitir-te isso.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Corvos

São negros como o carvão. De olhos aguçados procura as próximas presas. Sempre atentos ao menor movimento, captando todo o seu redor. O ambiente está escurecido e a luz do dia mal se vê. Talvez uma tempestade se encaminhe.
O único som que se ouve são os seus pios. As árvores, essas, estão quietas, como esperando um acontecimento para acordarem.
O ar está estranhamente quente, como o leito de um enfermo, como uma febre que não passa.
A profecia talvez esteja certa e o mundo esteja prestes a acabar. Que fatalidade provocará tal destino?
Não passam mais de duas horas até que as primeiras  respirações comecem a falhar, os corações comecem a parar, os corpos comecem a cair. Os baques são surdos e as vozes perdem-se na garganta antes do grito nascer. Não há quem as levante agora da queda infinita que começaram. Morrer não é o fim. Cai-se mais, através do tempo e do espaço, uma dor que não termina, que não acalma, que não se esgota.
Consome-se o fogo em si e renasce, recria-se, revive.
Os corvos voam em volta dos corpos apodrecidos e incompletos, picam-nos, comem-nos, devoram-nos.
O mundo é um amontoado de corpos em deterioração, decompostos como lixo, é o banquete dos corvos.

domingo, 13 de outubro de 2013

Uma rua singular

A rua está deserta.
A noite escurece a fachada das casas.
Os candeeiros há muito se fundiram e nunca ninguém os veio substituir. Se é esquecimento ou propositado não se sabe dizer. Talvez faça falta alguém que não cale a voz e insista na reparação. Mas as gentes desta rua não parecem importar-se.
Muitas casas estão vazias e parecem abandonadas. Umas sem telhados, outras sem janelas. Mas têm portas que se aguentaram na ruína e batem em noites de ventania, muitas vezes confundindo-se com trovões em noites de tempestade.
Quem passa perto desta rua diz ouvir sons que se parecem com gritos abafados ou distorcidos. É um som que arrepia a pele e aperta o coração. Espalhou-se o rumor de que eram casas assombradas.
Uma jovem percorre essa rua todos os dias, até à última casa. Percorre sempre essa rua sozinha, e já sabe de cor o caminho, de modo a saber como o percorrer na escuridão.
Não lhe custou a solidão, e agradeceu o silêncio que se faz a maior parte dos dias e das noites.
Vê também um beneficio na escuridão quando se senta à janela fazendo festas ao gato vadio que um dia adoptou depois deste lhe aparecer em casa e lhe roubar metade do almoço. O melhor momento do dia é quando bebe o seu café e conta as estrelas.

Inverno

Olha de frente. Vê como a luz lhe bate e lhe esconde as imperfeições. Parece lisa a sua pele. Parece ter um brilho próprio. Parece macia, sedosa, como pele de bebé. Parece direita, parece certa, é a perfeição. 
Olha-lhe a sombra. Vê como é torta, rugosa, cheia de espinhos. Não é esbelta, nem bela.
É isso mesmo, uma sombra. Ela é a sombra, que se esconde no escuro. Ela é real na escuridão. Ela é negra de alma, é feia, é triste, é só. Na verdade ela é o nada, que se estende em pleno oceano para se afogar, que se deixa engolir pelas noites sem estrelas e sem luar. É ela que espera a morte chegar no silêncio. A morte é a sua amante mais querida.
Ela é o oposto dos heróis. O sue inimigo. Ela odeia os heróis, seres imundos de boas vontades, seres repugnantes que querem salvar o mundo. Nem todos podem ser salvos. Ninguém a salvou de si própria.
É bom ser amiga da noite e do frio. Ela caminha no silêncio e enfrenta o vento gélido que lhe acaricia a pele. Ela não teme a dor que lhe trespassa a alma, porque a alma é um buraco negro que lhe vai sugando a vida. Na sua mente o vazio é ensurdecedor.
Mas ela continua a caminhar de olhos baços, sem destino. É assim que ela gosta de estar, em movimento, sem nunca chegar a nenhum lugar.
Ela mistura-se com a noite e é tão gélida como a neve. Nela só existe Inverno. O tempo pára e o mundo parece abandonado. Ela respira lentamente, é um esforço que já não compensa.
Se tocasse o Sol certamente o gelaria.

sábado, 12 de outubro de 2013

O único companheiro de viagem

Nunca pensei dizer isto sobre alguém, mas só te quero a ti.
Nenhuma vida é feliz quando percorres caminhos sozinho, sem alguém com quem partilhar  a beleza das paisagens, a aragem fresca num dia de calor, a vista das borboletas coloridas e esvoaçantes, o odor silvestre a pinheiros, a eucaliptos, a erva, a flores, que perfumes! Nenhum caminho é brilhante, precisamos de alguém a nosso lado que nos dê a mão durante as noites sem luar, que nos segure quando tropeçamos, que nos levante quando caímos, que nos ajude a escolher o caminho certo a seguir.
É a ti que quero acompanhar. Não quero mais ninguém responsável pela tua felicidade. Desculpa-me, mas não confio em mais ninguém para algo tão importante.
Quando ao teu lado não procuro o tesouro no fim do arco-íris porque já o encontrei. Para mim isso basta-me como razão suficiente para não pertencer a mais ninguém.
Talvez não seja justo para ti seres o meu único "objecto" de desejo, de afecto, de amor, mas mesmo que eu quisesse seria impossível alterar o que sinto.
Amar não tem nada a ver com padrões de beleza, nem de inteligência, nem de características apontadas num bloco de notas que precisam ser satisfeitas como pré-requisitos. Amar é descobrir aos poucos aquilo que gostamos e aquilo que procurávamos sem nunca saber. É uma aventura, um mistério. É voltar a ser uma criança sem preocupações. O coração é purificado quando se ama, torna-se inocente e livre de ódio, de mentiras, de omissões.
Amar é tornar-se livre do tempo! O tempo desfaz-se em nada quando o nosso pensamento segue a pessoa um dia inteiro. O tempo descontrola-se porque, quando um com o outro, o tempo demora a passar, dá para fazer tanta coisa, do mesmo modo que passa muito rápido e nada se fez.
Permite-me fazer-te o homem mais feliz do mundo, e eu prometo que o faço.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Acordar nos teus braços

Acordei a meio da noite e lá estavas tu a meu lado. Aconchegaste-me nos teus braços e continuaste a dormir serenamente. 
Foi como se nunca antes tivesse acordado sozinha; Olhei-te e tentei recordar a minha vida anterior a ti - uma tristeza indefinida, difusa, que tantas vezes me assaltou, nada mais.
Trazes-me calma, trazes-me paz. Não sei que truque utilizas, mas fazes-lo bem. é bom sentir que alguém se preocupa, que não ficamos sozinhos quando os dias correrem mal. Perguntei-te se me protegerias de tudo, e disseste que sim - vou acreditar em ti, porque sei que não me mentirias.
Nunca me largues a mão, leva-me pelos caminhos que percorreres. Sabe que sempre retribuirei o apoio que me dás. Também nunca estarás sozinho.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

um fim anterior

Como seria o mundo em que eu não existisse?
Quem ocuparia esta casa? Estaria ela vazia?
Onde estariam as pessoas que conheço? Como seria a vida delas afectada pela minha ausência? Que caminhos seguiriam? Seriam mais felizes? Certamente algumas teriam essa hipótese, que não tiveram.
Seria este um mundo melhor sem mim? Será que decidiu o destino rir-se permitindo a minha existência?

Viver
Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada? 
E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?  
Isso, ou menos que isso
uma noção de porta,
o projecto de abri-la
sem haver outro lado?  
O projecto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa? 
Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança? 
Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'  

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O conto da menina triste

Era uma pobre rapariga. Ela dava passos pesados, carregando todo o seu peso, mais o peso das suas vozes e de um mundo desconhecido. Arrastava-se na rua, as pessoas passavam por ela leves e não pareciam reparar. Também ela não reparava nessas pessoas, pois os seus olhos não deixavam o chão. Quando começava a chover, automaticamente levava as costas da mão ao seu rosto, sem saber se eram lágrimas que ela via cair entre os seus passos. Na verdade, ela não se importava muito. Puxava um lenço do bolso caso fungasse e resolvia o problema. Ao chegar a casa fechava a porta devagar sem fazer um único ruído. Seguia silenciosa para o quarto na companhia das suas vozes, que tinham recomeçado o diálogo, por vezes monólogo. Ela pensava em respostas, mas nunca as proferia. Começava por fechar portas na sua mente, tapava os ouvidos com as mãos, mas as vozes não paravam. Chegavam sempre a ela. Ela então ligava a aparelhagem no máximo, na esperança de silenciar as vozes, de as abafar pelo menos. Mas elas falavam sempre mais alto.
E dentro dela, sem saber, nascia algo, que nunca seria possível perceber se uma profunda tristeza, se um profundo ódio. Fosse qual fosse, ela nunca recuperaria. 

sábado, 5 de outubro de 2013

"The Great Fires", Jack Gilbert

"Love is apart from all things.
Desire and excitement are nothing beside it.
It is not the body that finds love.
What leads us there is the body.
What is not love provokes it.
What is not love quenches it.
Love lays hold of everything we know.
The passions which are called love
also change everything to a newness
at first. Passion is clearly the path
but does not bring us to love.
It opens the castle of our spirit
so that we might find the love which is
a mystery hidden there.
Love is one of many great fires.
Passion is a fire made of many woods,
each of which gives off its special odor
so we can know the many kinds
that are not love. Passion is the paper
and twigs that kindle the flames
but cannot sustain them. Desire perishes
because it tries to be love.
Love is eaten away by appetite.
Love does not last, but it is different
from the passions that do not last.
Love lasts by not lasting.
Isaiah said each man walks in his own fire
for his sins. Love allows us to walk
in the sweet music of our particular heart.

Charlatães do Amor

Hoje em dia amar é pouco mais que vender promessas baratas.
São tão comuns. Tão disseminadas nesta imensidão de rostos anónimos. Cada um já terá ouvido dessas promessas de um amor (in)capaz.
Acredito que só quem tenha sofrido nas mãos desse charlatanismo saiba do que falo. Os charlatães? Não admitem a existência deste "amor" tão falso . Escondem-se atrás do "amor é passageiro". Mas não explicam como amam hoje esta e amanhã outra pessoa, como, sem ainda bem a conhecerem, já prometem "para sempre's".
Admito a existência de pessoas que precisam de algumas horas para saberem o que querem, para saber o que sentem, mas isso não acontece três vezes por semana. Esses são os que nunca sabem o que querem, mas gostam de se fingir conhecedores dos sentimentos. E o que fazem? Quebram corações com simples "Não dá mais",  "Afinal não era o que eu queria", "O problema não és tu, sou eu", "Conheci outra pessoa". Como aceitar isto no fim de mil promessas, que nunca foram nem serão concretizadas? Quem repara o sentimento de vazio, de engano, de traição, que permanece numa pessoa enganada? Não permanece apenas o tempo que tiveram juntos, não desaparece ao fim dumas horas, duma semana ou duas. Fica a marcar território. Porque doeu. Dói acreditar em mentiras.
Os charlatães precisam de sofrer do mesmo mal, precisam de acreditar em mentiras que eles próprios contam, precisam que doa. Talvez aí, sejam como eu, e não voltem a fazer promessas vazias.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Amo-te assim

É o amor verdadeiro que se deseja. O amor puro, sem constrangimentos. O amor dos tempos idos, que levou à morte de Romeu e Julieta. Aquele amor que nos faz viver, ou morrer, conforme os dias.
O amor que nos faz arriscar, que nos faz cometer loucuras, que nos faz agir sem pensar. Aquele que leva a um beijo fogoso em público como se ninguém estivesse a olhar. Aquele que leva uma pessoa a ser romântica, quando nunca antes fora.
Aquele que nos faz puxar os nossos próprios cabelos. Aquele que nos agonia quando nos imaginamos sem ele. Aquele que nos esmaga, que nos dilacera, que nos desfaz em pedaços nos ciúmes doentios.
O amor puro é o melhor. Exige tudo de nós, tira-nos tudo, deixa-nos sem nada nosso. É arrasador. Passa por nós como um furacão, e deixa uma tempestade atrás. Não podemos dizer que não notamos a sua presença quando passa. Nós arrancamos o nosso coração do peito, para ele nunca mais voltar igual.
Nós da-mo-nos para esse amor. Ele que nos arranque a alma. Mas que nos faça viver no limite. No limite entre a felicidade e a dor. Na corda bamba entre o ser e o não ser. Só somos quando amamos. Amar é existir. Amar é sentir o coração nas mãos a derramar sangue enquanto bate desalmadamente, sem parar. Amar é nunca parar, é respirar o ar fresco da manhã como se nos inundássemos de vida, e cair no escuro da noite sabendo sempre onde pertencemos.
Amamos e queremos tudo. Mas queremos dar muito mais que tudo.
O amor puro é intenso, e é tão bom de sentir.

"Bluebird", Charles Bukowski

"there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pour whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?"

Um dia de Sol

Existe uma calma tão grande neste lugar. O céu abriu para deixar passar o sol, que aquece o tempo depois da semana de chuva.
Ouvem-se pássaros e uma fonte corre algures aqui perto. Parece que tudo está bem e no seu devido lugar. Que não é preciso questionar nada, nem nos importarmos com nada. Afinal, só temos aquilo que merecemos. E eu mereço tudo isto. Hoje sinto-me bem comigo. Hoje consigo valorizar-me, como deveria fazer todos os dias. Sou realmente boa como pessoa. Poucos são aqueles que tem queixas contra mim.
Não me deveria isso significar algo?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Porquê a Solidão?

Sempre quis a minha independência. Sempre achei que é sozinha que hei de viver. contar comigo, só comigo. Lidar com as minhas metas, os meus alcances, as minhas perdas. Sozinha.
É triste ser só. Não me impeço de chorar perante este meu ideal de vida, que nada tem de ideal. Mas tento  controlar-me pensando que é o melhor para mim. Nova crise de choro em seguida.
É difícil ser feliz nestes termos, e é difícil ser feliz com este "ideal".
É como questionar toda a felicidade que nos é provocada por outros. É procurar por sinais de que essa felicidade está a terminar.
É antecipar a solidão. É o medo da solidão que eu tenho. Toda a vida vivi por mim esperando um futuro melhor. Mas quando o tenho ele  treme-me nas mãos, é frágil, vai cair e partir-se.
Se volto a ficar sozinha que será de mim?
Será que realmente quero viver a minha vida inteira fugindo do medo de perder alguém? Viver só com medo do processo de solidão?
Atrevo-me a questionar, devo eu fingir-me de morta pelo medo de morrer?
Levo um tempo a perceber-me, a saber de mim.
Mas enquanto discorro sobre os meus pensamentos descubro-me e entendo melhor os meus medos.
Muitos dias posso afirmar não gostar  de quem sou. Acho que me deixo levar demasiado pelos meus medos. Acho que me deixo guiar por eles. Ser atropelada por eles, esmagada, dominada, paralisada.
Quando estou confiante basta uma coisa para deitar tudo por terra. É difícil ser assim. E a maior parte das vezes atrás dum "Está tudo bem" está uma luta no meu interior pelo poder da minha mente.
Acho que quando nos magoam passamos a tomar isso por certo a vida inteira. Falo por mim, que é assim que me sinto. Parece que existe sempre alguém melhor a querer ocupar o nosso lugar e a ter total desconsideração por outro ser humano. eu não sou assim. Se rá que deveria ser assim? Será que deveria seguir o modelo dessas pessoas que quase odeio? Que chego a odiar algumas vezes?
E volto à solidão.
Porque me sinto tão só? Tão triste? Tão abandonada? É defeito meu este?
Porquê tanto medo? De onde vem este medo de ser esquecida?

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Amnesia

Não consigo abstrair-me do que sei.
É como um estilhaço escondido no coração, uma bala perdida, arremessada ao acaso e esquecida.
Dói.
Agora apetece-me chorar. Não sei se da garganta dorida, dos olhos pesados, se do meu coração fracassado.
Quero apagar o que sei. Esquecer.
Quero que não doa em mim, nem em sonhos, como nos pesadelos que me têm perseguido.
Seria tão mais fácil adormecer agora num sono sem sonhos e dormir. Só dormir, até haver certezas neste mundo.

Aprecio-te

Nunca antes tinha escrito na tua cama.
Os nossos cheiros misturados,
As nossas almas satisfeitas,
Gosto de te ver dormir descansado, aprecio o teu peito subir e descer a um ritmo lento, e vejo a calma no teu rosto.
É bom ver assim quem amamos. É bom abraçar-te enquanto dormes e tentar atingir os teus sonhos. Será que sonhas comigo como sonho contigo todas as noites? Será que me sentes envolver-te com os meus braços e percebes que te quero agarrar para nunca te deixar escapar?
A tua respiração está compassada com a minha. Estamos ao mesmo ritmo. Somos o mesmo ritmo.
A noite passada conversamos pela madrugada. Adoro saber sobre ti. Quero que te confies a mim e te partilhes comigo.
Quero que comigo sempre te sintas em casa, onde quer que estejamos. Quero que sejas tão feliz como eu sou quando estou contigo.