quinta-feira, 31 de março de 2016

Março

"Olá como te chamas?"
Responde-me com os lábios junto aos meus. Sussurra-me ao ouvido. Diz-me enquanto me mordes o pescoço. E deixa para lá o resto do mundo. Vamo-nos conhecer.
Que há de mal em conhecer o corpo um do outro e esquecer a alma só por um segundo?

segunda-feira, 28 de março de 2016

Parabéns.

Se me esforçar, ainda sinto o teu cabelo entre os meus dedos, a tua barba a arranhar a minha cara, e os teus dedos grossos a fazer-me cócegas. Sem me esforçar até, mas esforçando-me para esquecer todo o mal que me fizeste. 
Às vezes, como hoje, queria esquecer todas as dores, todo o sofrimento, as lágrimas que não consegui conter na tua ausência. Queria voltar ao conforto dos teus braços, à rotina do que chamávamos de amor, e ficar. Ficar eterna, na felicidade da mentira que era mais bonita que a realidade. 
Às vezes, queria fingir que te amo, que foste bom para mim, que eu não soube interpretar os sinais, e que fugiste por orgulho de quem se sentiu rejeitado. Às vezes, queria eu fugir da dor de quem foi esquecido. Abandonada, fiquei só, num pensamento tão concreto e absoluto. Sem ti, fiquei feita nada. Não por não ser ninguém, mas por achar que faltava sempre algo, que seria este o meu destino irremediável. 
Lamento recordar-te com toda esta mágoa, como se o tempo fosse feito de areias movediças, onde a dor não se filtra. Fica ao de cima, a arranhar a pele enquanto me enterro. Queria lembrar as tuas danças na cozinha, os teus ataques de cócegas, os teus abraços, os nossos momentos demasiado melosos para contar a alguém, sem a sombra da tua voz áspera e do teu olhar duro. Sem a sombra do teu desprezo.
Espero que com os anos a sabedoria te preencha, e não deites para o lixo mais um coração que só te quis bem. 

terça-feira, 15 de março de 2016

E cá estou... procurando um sorriso, um aceno, um encorajamento. Que fiz bem. Que tenho a escolha correta. Que sou certa. Que sou bonita. Que sou inteligente. Que sou saudável. Que sou simpática. Que sou boa amiga. Que sou amável. Que sou compassiva. Que sou justa. Que sou a preferida. Que sou pessoa quase perfeita.

E aí erro. E não sou nada. E estou só.






Só. 






Abandonada. 






Num silêncio com vozes.






Com medo.






Do Para Sempre.