terça-feira, 21 de junho de 2016

Caixa de pandora

Tenho um monstro debaixo da cama. É negro como o canto mais escuro do beco sujo, e tem os olhos cheios de maldade. Ele puxa a raiva de mim, e lembra-me como às vezes o nosso instinto é matar, causar dano, causar tantas feridas como aquelas que não saram em nós. Recorda-me dos dias mais sombrios, em que parece haver uma luta pela sobrevivência. Quem sobrevive a esta luta, que surge sem avisar?
Retiro-me. Para aquele mesmo local de há anos, embora fisicamente mais rico em sorrisos. Deixo anoitecer e não temo a escuridão, que está já dentro de mim. Abriu-se uma vez mais a caixa de pandora.
E espero sentir frio, dor, até que as lágrimas nasçam em mim, e eu me puna por não poder fazer nada que vire o jogo. Quero alimentar esta raiva e partir o mundo em pedaços.
E depois surge um vento, que encobre por momentos esta dor. Até à próxima.

domingo, 12 de junho de 2016




Quero esplanadas em dias de sol, uma mesa cheia de risos, conversas leves, olhos sorridentes, corpo descontraído. Quero gelados em dias de calor, comer sem medo de ganhar aquele pneu na barriga, e combater o calor nalgum banco de jardim à sombra. Quero jantares à luz de velas, e mini surpresas em dias vulgares. Quero passeios junto ao rio e longas caminhadas junto ao mar, partilhar silêncios e ouvir o som do mundo a girar.  Quero conversas longas e cheias de significado pelo meio da noite, sob a luz da lua e das estrelas. Quero abraços espontâneos e repentinos, e as cócegas que eu adoro, e me cansam de rir. Quero sentir o cansaço que a felicidade nos deixa no corpo. Sentir-me exausta de sorrir. Quero sentir a paz entre braços, que encontrei a minha morada.

quero nascer para te encontrar de novo, amor.