segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Imagem

É um prado.
A erva é verde. A extensão infinita. Se olhar atentamente parece que vejo a erva mexer, na presença de uma pequena brisa.
a brisa é quente de certeza. as flores são vermelhas, são laranjas, são amarelas, são rosas, são violetas, são de todas as cores, e o céu é azul, sem uma nuvem no céu. só pode estar calor num sitio com tanta cor!
talvez, só talvez, se eu olhasse para trás da imagem eu visse este prado.
talvez, só talvez, eu pudesse correr por lá, 

abrir os braços, 
fechar os olhos,
correr.
talvez sentisse o vento fustigar-me a cara;
talvez corresse ate me cansar e me atirasse no ar,
e flutuasse até chegar ao chão;
talvez ouvisse o murmurar dos bichinhos todos;
talvez eles estivessem contentes por eu estar ali;
o meu riso ecoaria no infinito prado, lúcido, contagiante
como a brisa, como o cantar que se ouvia ao fundo.
talvez me confundisse com o prado. talvez eu fizesse parte dele.
Talvez, só talvez, se eu visse para além...

sábado, 19 de janeiro de 2013

Furacão


Gosto da agressividade que o vento leva hoje.
Gosto da velocidade com que sopra, zangado com o mundo.
Gosto de como impõe a sua presença e ameaça levar tudo o que se atreve a enfrenta-lo.
Gosto da força que demonstra. O Poder. Ele domina. E tem como aliada a chuva.
O dia podia estar triste, mas acho que uma energia brota de mim ao deparar-me com este temporal.
Em mim sopra o vento da mudança, uma vontade incontrolável de me revoltar, de criar uma tempestade no meu coração. De o tornar mais forte. De o tornar inquebrável  De fazer da minha pele pedra; uma barreira que ninguém atravessasse.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Talvez tenha chegado a uma boa conclusão...

Os sentimentos são fortes. Vêm até à superfície da pele, de não caberem dentro de nós. Mas eventualmente começam a fazer comichão.
Eu coço. A pele fica vermelha. Eu coço ainda mais, até o sentimento cair como uma pele morta.
Mas a ferida fica. E dói.
A dor permanece, mas aprendemos a virar os olhos, a esconde-la, a ignora-la. Até que sangra de novo e nos tira a atenção.
Hoje, sou quase um fantasma.
Um fantasma de memórias. Ainda choro feridas antigas, ainda as carrego comigo, porque não sei onde as largar. puxo cem malas invisíveis, e demoro a percorrer o futuro, com um olhar sempre para trás das costas.
Vasculho essas malas preenchidas de coisas que eu achei serem verdadeiras e que hoje me questiono se não foram todas falsas. A dúvida implanta-se e uma raiva surge, com um gosto amargo na boca. Mas depois encontro algo que foi realmente verdadeiro, e tudo o resto parece menos importante. Talvez devesse carregar apenas a verdade, aliviar-me da carga, e dar lugar a novas bagagens.