sexta-feira, 29 de março de 2013

Fica para amanhã.


Não gosto da palavra amor.





Um dia não fui assim. 
Um dia porém também acreditei que havia princesas como as dos contos de fadas, e um dia acreditei que poderia ser uma. Quando somos crianças tudo nos parece possível  porque o futuro está tão longe e há tanta coisa desconhecida. Não temos bem a compreensão do que é o mundo.
Hoje, reservo uma parte de mim a gostar dos contos de fadas, mas não gosto da palavra amor.
Não gosto como está gasta hoje em dia. Como está nas bocas do mundo por todas as razões. Não gosto de como é conjugado o verbo com toda a facilidade, como se a palavra não fosse mais que um brinquedo.
Tenho horror a quem a usa tão comummente como usa um "bom dia" ou um "olá". Confunde-me como hoje amam uma pessoa e amanhã amam outra. Não há definição para aquilo que é o amor, mas as pessoas divertem-se a arranjar. E depois usam-no, esquecendo o significado que lhe deram. Porque é isso que acontece, dão-lhe grandes significados, e o uso fica aquém - muito.
Eu não sei o que é, e não quero arranjar-lhe significado, pois supostamente ele deveria ser algo tão grande e esplendoroso que não deveria haver forma de o descrever.
Não mentiria dizendo que nunca dirigi um "amo-te" a alguém. Dirigi. E após um tempo percebi que empreguei mal a palavra. Aí entendi o como ela estava banalizada. 
Hoje, temo ouvi-la. Não quero ouvi-la, por saber a facilidade com que é empregada, e por não querer emprega-la da mesma forma fácil e sem sabor
Em tempos precisei de dar nomes às coisas, hoje concentro-me em viver as coisas, e deixar os nomes para depois, num outro dia.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Nevoeiro


Quando hoje acordei foi como ter dormido durante dias. 
Dias em que uma guerra se formou, e em que eu não sei quem venceu.
As coisas estavam fora do sitio, algo se quebrou num algures distante e misterioso, deixando atrás de si um rasto de duvida.
Foi como acordar no meio de um nevoeiro espesso, e não saber a saída. 
Tento combater o medo, que vem não sei de onde, de algum sitio dentro de mim. Não sei do que tenho medo, mas sinto-o a correr nas veias. Sinto a vontade de me fechar em mim e me deixar aqui ficar, onde eu não possa ver ninguém e ninguém me possa ver a mim.
É como combater um ser invisível, que me sussurra palavras incompreensíveis e me deixa inquieta.
É uma batalha mental. Tenho que ser mais forte.

terça-feira, 26 de março de 2013

Abraços à chuva

É estranho sentir de novo o teu cheiro e uma saudade brotar-me do peito.
Poderia ter chorado. Mas chorar porquê? Com que razão? Questionei-me e não chorei, por não saber a resposta.
A tristeza invadiu-me, uma tristeza doce, que eu não soube explicar.

[Não me incomoda admitir a ignorância que tenho sobre os meus próprios sentimentos. incomoda-me mais o que sei.
Nada é assim tão inevitável mas, quando nos conhecemos, como impedir algo que não queremos fazer mas que sabemos que iremos fazer?]

Gosto de ti, mas não sei quanto nem até quando.
Talvez não nos devêssemos ter conhecido.

William Shakespeare


"Let me not to the marriage of true minds                     
Admit impediments. Love is not love                             
Which alters when it alteration finds,                             
Or bends with the remover to remove:                           
O no! it is an ever-fixed mark                                        
That looks on tempests and is never shaken;                   
It is the star to every wandering bark,                            
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks       
Within his bending sickle's compass come:                    
Love alters not with his brief hours and weeks,              
But bears it out even to the edge of doom.                     
If this be error and upon me proved,                              
I never writ, nor no man ever loved."                             

segunda-feira, 25 de março de 2013

Indecisões


Talvez saibas o quanto te espero ao cair da noite. O quanto te quero nos meus braços e nos meus sonhos.
O que talvez não saibas é o meu balanço entre o ir e o ficar
No pendurar-me na ponte e fazer do rio o meu céu e do céu o meu chão. Ambos cobertos de estrelas, mais do que podemos contar juntos algum dia.
Queria eu apalpar as estruturas que dividem o gostar não suficiente do suficiente e do demasiado. Queria abandonar-me a desígnios ocultos e voar, ou flutuar, no meu mundo invertido.
Uma alma errante, como eu, que mais poderia fazer senão questionar-se?  senão partir? (Embora..) senão enraizar-se e crescer?
Os atalhos são desconhecimento. É preciso enfrentar tempestades e aceitar o florescer da primavera.
O dia ontem foi luz e hoje é escuridão. Mas no fundo todos temos o melhor e o pior. Só precisamos descobrir o que nos comanda.
Quando esse dia chegar te direi a minha decisão, se estiveres ainda disposto a ouvir.

sexta-feira, 22 de março de 2013

20 primaveras


A minha existência está aborrecendo-me.
20 primaveras. 


e nem um arrepio, um  friozinho no estômago, uma febre que nos deixa momentaneamente loucos, capazes das mais variáveis tarefas.
não há procura dum rosto entre a multidão, não há troca de olhares, sorrisos tímidos e conversas reveladoras. Não há troca de experiências. Não há um sentimento especial. Não há um dia especial. Não há  algo que nos aqueça a alma só de pensar.



E tornou-se um hábito (?) .