domingo, 21 de dezembro de 2014

Luzes de natal

Enche a tua casa de luz. Faz os olhos de todos brilhar, e aquece-lhes o coração. Dá o máximo de ti, e não te afogues na tristeza dos outros, e afugenta a tua falta de ânimo. Pega na mão dos outros e espalha a magia que vai dentro do teu coração. O resto vem de seguida. 
Só hoje, finge que tudo é real.
Quem sabe, o pai natal te ofereça isso este ano.. 


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Consumida

O silêncio consome-me.
Sinto-me enclausurada, nesta fome de ser e de ter, nesta ânsia pela companhia, pela mão que procure a minha automaticamente, pelo beijo depositado numa respiração mais profunda, num bater do coração, inesperado.
Consome-me o bater do relógio que não deixa o tempo passar, e me faz ficar ansiosa porque o dia é tão lento.
Consome-me a minha mente, que não deixa este silêncio ser de paz, e me atropela com pensamentos que não quero ter.
Sinto-me tensa, e a cabeça pesada. Sinto náuseas e sinto o coração na garganta. Porquê ser humano?

Acordar

O corpo rosna contra o despertador. É cedo ainda para acordar, e as mantas não o deixam levantar. É bom de mais a almofada que se afunda com o peso da cabeça, e o colchão que se molda ao corpo, e lá fora é tão escuro, frio e perigoso. Oh como não queria despertar e esquecer o mundo por um bocado. Era bom apenas permanecer deitado. Quase se deixou ficar, clamando mais 5 minutos, duas a três vezes, mas o tempo escasseia, e a dormir nada se chateia, e a vida seria tão sem graça assim.
E lá se levantou, com um olho ainda meio fechado, por causa da claridade, vagueou um pouco enquanto procurava que vestir, e quando apanhou o autocarro ainda ia meio a dormir. Mas o dia já tinha começado.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Parte, mesmo que fiques

Quero expulsar-te amor, da minha jaula sem grades. Quero que partas mesmo que fiques, e que me destruas o coração duma só vez.
Não sei viver assim, de coração inteiro, porque nunca me permiti a aprender como se faz. E hoje, a hora vai tardia e o coração ainda não partiu, e tu ainda não foste embora. Mas na minha cabeça vejo-te virar as costas com a mão noutra companhia, e a partir sem acenar.
Sofro assim, um pouco todos os dias, como esperando que, se realmente partires, não vá doer um só dia assim que fores.
Mas quem sou eu para ler mentes e adivinhar futuros amor?
Acho que sou alguém que não conseguiu aprender a ser inteiro, nem a avançar sem tropeçar.
Estou ainda a aprender a manter o equilíbrio - caminha a meu lado enquanto estiver a aprender, e não me deixes cair.

sábado, 8 de novembro de 2014

Lembranças.

Não nos esqueçamos, nem por duas ou três vidas que estejam por vir. Não nos esqueçamos a brevidade com que encontramos a alma um do outro, nem a voracidade com que nos amamos. Não esqueçamos os prazeres lentos que nos consomem, nem a intensidade com que nos olhamos mesmo no meio da escuridão. Não esqueçamos nunca, como nos unimos um ao outro, e como nos aquecemos num dia de chuva. Não nos esqueçamos de quando estamos presentes para nos confortarmos e apoiarmos um ao outro. Agradeçamos por tudo o que de bom partilhamos e melhoramos no nosso mundo. Um amor assim nunca se pode esquecer, nunca se pode perder.

domingo, 5 de outubro de 2014

Desabafo

Desculpa por este desabafo, mas quero-te a meu lado quando o sol nasce, porque é para mim difícil acreditar que um dia possa começar sem te ter a meu lado.
Desculpa por este desabafo, mas quero-te a meu lado quando pouso a cabeça na almofada antes de dormir e quando acordo a meio da noite no escuro, porque não durmo descansada sem o teu calor a aquecer-me na noite.
Desculpa por este desabafo, mas quero-te a meu lado quando choro, porque não sei quem mais me pode fazer rir e me dar segurança na tristeza.
Desculpa por este desabafo, mas quero-te a meu lado quando sorrir, porque não conheço mais ninguém que mereça tanto o meu sorriso.
Desculpa por este desabafo, mas quero que me ames para sempre, porque eu só te sei amar a ti, e és tu quem quero fazer feliz. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Tempo

Pouso as mãos no colo. Luto há horas para distrair a minha mente, mas ainda não parei de contar o tempo passar. Estou esgotada com essa simples tarefa, o tempo é uma coisa curiosa quando se toma atenção nele. Na verdade ele não passa rápido, mas se ninguém o contasse eu diria que tinha estado parada desde que o comecei a contar.
Desisto agora de distrair a minha mente desta tarefa tão esgotante, e dedico-me apenas a ela. E questiono-me se é assim que quero passar os meus dias, a contar tempo, a ouvir o tic-tac do relógio que ele mesmo me deu.
Desisto de pensar por agora, e concentro-me nas minhas emoções. Sentir o tempo passar por mim deixa-me com um frio na barriga, deixa-me arrepiada e um pouco tremula. Não gosto do que sinto. Mas e daí tinha decido não pensar e só sentir. Mas quero fugir destas emoções.
Quero fugir do tempo, quero fugir desta minha nova tarefa, mas o tic tac está muito alto e não larga a minha cabeça.
Desisto(?)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Veritas

Ela caminhava pela sombra olhando o chão. Não via na verdade onde pisava, por ter a cabeça noutro lugar. Havia alguns anos que estava presa numa teia que começou como um jogo, ao qual ela nunca soube jogar. Melhorou ao longo dos anos, tornou-se mais cuidadosa nas peças jogadas, e aprendeu por fim a perder, enquanto fingia ganhar. 
Os caminhos já não eram os mesmos, mas a sensação sim, a cabeça pesada e o coração apertado.
Levantou os olhos quando chegou ao seu destino e encontrou-o sentado. Sorridente, como desde o primeiro dia que o vira, e já fazia tanto tempo. Talvez uma ou outra ruga tivesse surgido, mas ela não reparava em nenhuma diferença, era como voltar atrás no tempo. 
Ela não se sentou, e manteve a distância. Ele não a questionou, e o olhar mostrava compreensão. Reconstruíram juntos memórias já com falhas, eram músicas, toques, olhares encontrando-se na multidão, mágoas antigas. Ela despejou o coração pela boca, abriu o jogo bem na sua frente, porque quem perde um dia desiste de jogar, e foi se sentindo mais leve, como se o fingimento dos anos lhe pesassem nos ombros. 
Despediram-se com um abraço, de quem lamenta não poder começar tudo de novo sem os erros cometidos, mas separaram-se aí mais uma vez. 
Ela sabe que o jogo está na fase final, mas ainda procura um sinal nas entrelinhas de que ele se sinta tal como ela.
Queria fazer mais, mas era tarde para ela, e por fim, guardou só para si que a única coisa que sempre quisera era chegar ao seu coração. 

sábado, 26 de julho de 2014

Plano

Todas as noites, quando relembro o teu sorriso a chegar aos teus olhos e a contagiarem os meus, fico sem fala, pela dor que chega só depois, pelos abraços que não dei, pelos beijos que foram aquém do desejo, pelas palavras que ficaram no coração e não houve cordas vocais para lhes dar vida, e questiono-me se sabes de tudo isto, de todo o arrependimento que deixo assombrar-me o amor que te tenho, e depois volto a pensar em ti, e deixo o rasto da saudade a pesar o coração, e as lágrimas, que nunca chegam a cair das beiras dos olhos, enquanto os esfrego e as afasto, e só sorrio, deixando o teu sorriso gravado na minha memória servir de espelho.
Hoje fui mais longe! Comecei o dia pelo peso das saudades, deixei-as pesar no coração, deixei o sorriso chegar pela memória, regressou o arrependimento pelos abraços, beijos e palavras que foram parcas confrontando com a vontade, e quando te vi chegar tinha já o plano de não deixar nada para trás.
Chegaste com essa leveza característica, com esse ar da própria felicidade, riste, riste como se a lei to proibisse e tu fosses o maior rebelde, e eu amei-te ainda mais, como se me pudesse apaixonar de novo por ti, de todas as vezes que te vejo ser livre.
E não houve arrependimentos no fim, porque dei todos os abraços, os mais apertados, tentando deixar um pedaço de ti sempre comigo, beijei-te como se pudesse entregar-te o meu amor num beijo, sendo ele infinito, e disse-te tudo o que as palavras podem dizer em nome do coração. Hoje também eu vim leve para casa, e sinto-me a flutuar entre as memórias, entre o som do teu riso, o bater do teu coração ao meu toque, a tua cabeça pousada no meu colo enquanto te afago o cabelo.
Hoje se chorar não preciso esfregar os olhos, porque sinto-me verdadeiramente feliz. E não há nada de errado na felicidade. É ser tão livre como tu.

domingo, 6 de julho de 2014

Bagagem

Tenho mau feitio. Sou rabugenta, e engelho o nariz com demasiada frequência.
Preocupo-me com tudo, com alguma coisa, com nada, e todos os males parecem afligir a minha vida, na minha cabeça.
Baixa auto-estima, inseguranças a mil à hora, e uma terrível inclinação para a repetição.
Se conheces estas partes de mim, parabéns! Chegaste onde não deixo ninguém chegar, abri-te os portões dos meus medos, da minha ansiedade, e da minha confiança. Vês o que poucos têm a oportunidade de ver. E sejamos sinceros, não é bonito este mundo sangrento que escondo debaixo do tapete! Mas é aquilo que sou, no meu mais puro lado negro.
E já tentei mudar! Ai, como tento mudar a cada dia que passa.... Mas é difícil mudar algo tão intrínseco ao meu corpo.
Prometo que tenho qualidades também. Não é só esta a bagagem que levo comigo para onde quer que eu vá. Este é só o lado mais profundo, e o superficial é muito mais bonito...
Prometo sorrir-te todos os dias, prometo amar-te cada vez que engelho o nariz e sorrir interiormente enquanto o meu coração aquece ao ver o teu sorriso quando me tentas chatear. prometo tentar fazer-te rir, mesmo após várias tentativas falhadas, prometo cuidar tão bem de ti como cuido de mim, prometo aquecer os teus pés nos dias frios, prometo tentar não te tirar os cobertores todas as noites, e prometo pôr-te sempre em primeiro na minha vida.
Não posso prometer ser perfeita, porque nunca serei capaz de o cumprir. Mas prometo nunca desistir, de mim, de ti, de nós, da felicidade. E prometo fazer de tudo ao meu alcance para cumprir cada promessa que te faça.

sábado, 5 de julho de 2014

Sonho acordada

Por momentos senti o teu cheiro, e pensei que chegasses em bicos de pés para me dares o meu beijo de boa noite. Sabia-te longe, mas fiquei sem me mexer, debaixo dos lençóis, quietinha com medo que te fosses embora se me soubesses acordada. Quase o senti, de olhos fechados, e quase senti a tua respiração no meu pescoço, e o teu abraço à minha volta. Quase, por segundos, pensei que fosses ficar, deitado a meu lado, e hoje dormisses comigo como tantas vezes fazemos.
Quis tocar-te e puxar-te para mim, mas quando abri os olhos não estavas comigo, eu estava só como tão só se pode ficar quando o nosso amor está longe, e leva a nossa alma com ele.
Deixei que uma lágrima solitária nascesse, mas cedo me esqueci dela e sorri. Pude ter-te comigo, hoje e todos os dias desde que nos cruzámos neste oceano de pessoas. Não poderíamos ser mais certos um para o outro.
Tudo isto é mais forte que eu, ou tu. Pertenço-te, mesmo que não quisesse. Mas não há nada que eu queira mais.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Quando a solidão chega na madrugada fria

Podia ficar noite dentro a pensar em ti, da mesma forma que podia passa-la tentando esquecer teu nome. De qualquer das formas tudo gira em teu torno, é a ti que procuro no meio da tristeza quando ela cruza comigo trazida pelo vento que passa, quando as lágrimas cruzam o meu olhar, quando a solidão me encontra desprotegida. E então, procuro-te, e quando não te encontro deixo-me afundar contra a parede fria, e ai não fujo mais aos ataques, e olho o infinito de visão desfocada.
Um dia quando me chegar a solidão saberei que não te encontrarei, e deixarei de procurar. Acho que esse dia está a chegar. Ninguém vive iludido para sempre.

domingo, 22 de junho de 2014

Arrancar tudo de mim

Quando perceberás que por ti arrancava tudo de mim?
Arrancava cada mancha que não gostasses, arrancava cada piada de que não risses, arrancava cada som que não quisesses ouvir, arrancava cada mecha de cabelo que não achasses bonita, arrancava cada defeitozinho meu que te irritasse, arrancava cada lágrima que não consigo impedir de cair e que tu chamas de injusta, arrancava cada suspiro de aborrecimento, arrancava cada grito de desespero e cansaço.
Estou cansada de sangrar sem parar nas minhas parcas tentativas de arrancar o que não é possível. Eu arrancava tudo o que me pedisses, mas apesar das feridas abertas, nada sai, apenas sangro sem término. Desculpa-me por não fazer mais por ti, mas enquanto tento arrancar tudo o que tenho esqueço-me do que um dia nos juntou ou do que sequer hoje ainda nos junta. E recordo me apenas que duas pessoas devem aceitar-se mas também lutar para que ambos sejam felizes. Em que momento as opiniões de um começaram a ser mais importantes que a de outro?
Por mim, e não por ti, arrancava o coração e entregava-to em mãos, e seguia sozinha sem virar costas só para não ter que sangrar continuamente. Desculpa se não consigo arrancar de mim o que não gostas, enquanto não arrancas nada de ti.
Por agora, não sei a fórmula para arrancar um coração e continuar a viver. Acho que terei que adiar.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

És pensamento automático

Sei que os primeiros dias já passaram há muito...
Mas ainda sinto as borboletas no estômago, a pairar felizes, de todas as cores, ainda sinto a felicidade imensa da esperança dum reencontro para breve, e as saudades que apertam no peito aquando da distância. Ainda tenho o mesmo sorriso constante comigo, que não desaparece por nada quando penso em ti.
Agarro-me a tudo isso, sem no entanto me agarrar a nada. Agarro-me a ti, agarro-me ao te sorriso, ao teu calor. Mas no entanto não me agarro, tal como as borboletas são livres de partir, e a saudade de afrouxar, como o sorriso pode desaparecer dum momento para o outro. Mas não. Não preciso sequer pensar, porque estás presente em todo o lado dentro de mim e das minhas memórias.
Contigo é tão natural sorrir. A vida parece ser feita para isso mesmo.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Não gosto de me ficar pela metade.

Não me contento com uma só palavra tua à distância, nem um só sorriso teu estagnado no tempo. Não me contento com miragens tuas, quando estou só, no deserto.
Preenches todo o espaço em que estás, mesmo naquele em que te deitas ao silêncio, ou te permites ao sossego. E eu quero que preenchas assim não só o espaço vazio do meu coração, mas também todo o espaço que me contorna sem me tocar. E chegues e me toques, e me puxes para ti, retires esta distância que nos aparta sem fim. Não me contento quando não posso admirar de perto o teu rosto, ou tocar a tua face e sentir a tua pele, os teus poros, ouvir a tua respiração ao meu ouvido, como não me contentaria que todo um universo se metesse entre nós, puxando-nos em opostas direcções.
Não gosto de me ficar pela metade. Não gosto de te saber longe do estender do meu braço, sem assim te poder agarrar e manter-te a meu lado. Não gosto de adormecer sozinha, sem a tua presença a proteger o meu sono. E menos gosto de acordar vazia, como uma manhã cinzenta em que irá chover.
Quando digo que te quero, quero-te em toda a vida, em todo o sol, em toda a chuva, em todo o meu sorriso, em toda a minha alegria. Quando digo que te quero, não te quero só às vezes, não te quero só quando estou triste ou sozinha, não te quero só quando não quero mais nada.. Quando digo que te quero, quero-te em tudo. Quero-te em toda a felicidade. Porque não quero só que me faças feliz. Quero fazer-te o mais feliz dos homens.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

-

Não sei o que o meu coração diz
Mas há um buraco negro nele que me suga para um lugar estranho e desabitado
Talvez, talvez devesse ser outra, talvez devesse mudar, talvez, eu, mereça cada dia, cada sorriso e cada abraço, talvez seja esse buraco negro que não me deixa ver isso.
Não sei. Parece que de repente não sei tanta coisa.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Perfeita

No fim seremos só esqueleto, só pele, só coração a bater ao sabor dum relógio sem pilha.
Ninguém cobrirá nosso corpo esquecido e deteriorado. A terra será nossa filha, como o ar é nosso pai, e nos consumirão para que fiquemos neles como em mais ninguém.
Não seremos os pobres dos que mendigam, dos que estenderam a mão aos rostos que passavam ignorando a nossa existência.
Não seremos mais que nós, entregues ao mundo, mas não ao destino, ou a histórias, ou a passados, futuros, nem mesmo a presentes. 
Seremos de vários mundos, mas de nenhum. 
O mundo será nosso. O mundo será nada.
Como nós, nada é a meta última. Porque sendo nada alcançaremos a perfeição...
...mesmo que ninguém mais o saiba.

Breve

Tivesse eu o poder e conceder-me-ia o destino de sonho que seria ter-te a meu lado. Não interessa onde ou em que direcção. Não interessa se perdidos procurando um caminho ou sabendo exactamente onde pertencemos. Eu, sinceramente, acho que pertencemos um ao outro, por toda a brevidade que são horas lado a lado, que são abraços apertados, que são olhares mais longos que a historia do tempo.
Estaria a teu lado para te dar a mão, para te ajudar a caminhar entre os buracos que te tentam fazer cair, para te puxar fora dos poços de tristeza que se abrem no caminho, para te fazer sorrir, esse sorriso que só tu tens, o único que pode fazer o mundo parar.
E tu dar-me-ias a tua mão. Acalmarias os medos profundos e escuros que tenho cravados na alma, afagarias as minhas lágrimas e tocarias o meu riso, como melodia das noites estreladas, e dos dias de sol, como calor que nos aqueceria nos dias de chuva. Tocarias o meu riso como só o teu coração pode fazer.
E seriamos felizes.
Porque o tempo é sempre breve, eu guardo o sabor dos teus lábios e o calor do teu corpo junto do meu peito, até à próxima vez, onde possa beber um pouco mais da tua essência.

sábado, 19 de abril de 2014

Se chorar for permitido aos felizes,

Há uma certa comoção que me enche o peito.
Navego aqui dentro, este coração com remos, das lágrimas que engulo, porque chorar é só permitido aos tristes.
Por vezes chorar é tão bem vindo como um pouco de chuva em dia quente e abafado. Como contemos tanta emoção cá dentro? Um sorriso pode dizer tudo, mas é um sorriso o bastante quando se ama alguém com cada pedaço de pele arrepiado, com cada toque imaginado, com cada beijo que já foi dado, e com cada sessão de amor lento e preguiçoso que ainda está para vir? 
Dirá o sorriso o quanto nos sentimos a explodir de felicidade, como dizem as lágrimas que escorrem dos olhos porque não há mais onde as guardar quando um amor nos preenche completamente...
Como não dizer que é belo um rosto cheio de pequenas lágrimas que brilham ao sol quando há um abraço de reencontro, um beijo onde se deposita a alma, que nos sobe pela garganta, ou não quiséssemos nós dar tudo... Porque a felicidade é guardar nele tudo de nós, e ele ficar tão perto, que não sentimos falta de nada. 
É belo explodir em pedaços luminosos, como estrelas que se vêem à luz do dia, e espalhar a luz pelo mundo. É belo saber que temos o nosso mundo nos braços, e que ele esta ali, para podermos desabafar toda esta energia dinâmica que quase nos consome nos dias de distancia. 
E não há nada mais belo que alguém nos limpar as lágrimas e dizer que também nos ama, sem mais palavras ser necessário proferir...

domingo, 30 de março de 2014

Perder-me e Encontrar-me

Perco os sentidos contigo, perco-me no teu longo abraço de despedida, perco-me nos teus cabelos encaracolados quando passo os dedos uma ultima vez pelo teu cabelo, perco-me os teus lábios no ultimo beijo e perco-me nos teus olhos tristes, espelhos dos meus, quando digo "ate logo". Perco-me quando te acaricio a face e te olho com um ar triste por saber que o tempo não pára e que não posso continuar assim eternamente. Perco-me quando me deito a teu lado a olhar para o tecto sem cor enquanto dormes profundamente e me imagino sem um pedaço de ti.
Encontro-me nos teus beijos e nas tuas caricias. Encontro-me no teu sorriso, que transparece nesses olhos tão profundos. Encontro-me no entrelaçar dos nossos dedos, e dos nossos corpos. Encontro-me nas gargalhadas em uníssono. Encontro-me nos segredos contados ao ouvido. Encontro-me quando impedes que as lágrimas corram pela minha face. Encontro-me nas tuas palavras doces. Encontro-me na tua voz quando cantas para mim. Encontro-me no teu beijo apaixonado, no teu jeito de me amar.
Não fosses tu, e como poderia eu encontrar-me no fim de me perder? 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Sem titulo.2

O tiquetaque marca um tempo, um tempo semi-esquecido.
Parei, talvez. Ou ele andou sem mim. Queria eu, que ele fosse embora, e me deixasse.
Talvez num mundo sem tempo não se chorasse nem risse. Talvez num mundo sem tempo eu não me cansasse de viver. É assim que me descrevo, uma cansada, não sei bem de quê, não sei se da vida.
Talvez sem tempo eu não me deixasse cair. Cair por vezes em abraços sem querer, cair por vezes no vazio. Talvez cair fosse proibido, talvez, só talvez eu não chorasse por dentro como choro agora.
Sem tempo talvez não pensasse.
Sem tempo talvez não existisse, e isso seria tão bom agora.

domingo, 16 de março de 2014

Sem titulo.1

Não me canso meu querido, de nos imaginar sempre juntos.
O carinho que nos junta não é falso, não é actuação. O carinho que demonstramos está para além de pensamento, está para além da consciência.
Aquilo que somos, juntos, é o que de mais profundo nos impulsiona no mundo.
Juntos, queremos apenas estar, sempre, não importa onde, não importa com quem, ou porquê.
Liberta-mo-nos do próprio mundo. Somos tão livres, somos tão felizes.

quarta-feira, 12 de março de 2014

"afinal não querer"

Odeio nãos.
Odeio o "nao posso" , odeio o "nao vou".
Odeio o "afinal", que nos prepara para uma mudança.
Odeio principalmente o "afinal não" que nos tira um chão.
Odeio a expectativa, odeio a espera de algo que não se concretiza, odeio querer. 
No fundo, odeio mesmo querer.

A felicidade não é um objecto, nem é algo que se possua continuamente. A felicidade há agora, e pode não haver um minuto depois, a felicidade é escorregadia.

Há alguns "afinal não" que nos destroem um sonho, por mais pequeno que ele seja. 

É mau querer, é mau querer e pensar que será essa a realidade. É mau querer quando a realidade muda, e não nos dá. É mau querer simplesmente porque querer nos deixa frageis, e inseguros, nos coloca num chão incerto e num caminho imprevisível.

É mau deixar andar, é mau pensar o que nos dói, e no quanto o queremos esconder. É mau desistir. É mau não poder querer mais.  

Fosse possível deixar o corpo e viver noutro mundo, e eu so escolheria um sitio onde nada se quisesse.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Vagabunda

Se estar contigo é estar em casa, e estar sem ti é doer, que corrói o coração, posso afirmar que sou uma vagabunda do amor, sou a vagabunda que não sabe o seu caminho, quando ele é diferente do teu, sou a vagabunda que se deixa cair na valeta se não tiver a tua mão a puxar por mim, sou a vagabunda que perde os sentidos e já não sabe como cheira a primavera, ou como aquece o sol num dia de verão, sou a vagabunda que se deixa ficar na neve porque não sabe como se fica quando o corpo congela.
Eu sou aquela que arranca o coração do peito porque dói quando o meu coração está longe do teu. Se não é a teu lado que pertenço, em mais lado nenhum posso ficar, porque todos os sítios me lembram de ti, todos os cheiros me fazem procurar-te com o olhar, todas as histórias podem ser a nossa história, e toda a nossa história é uma vida inteira dentro de mim. Estás nos meus pêlos arrepiados quando penso em ti, estás no meu batimento cardíaco acelerado, estás impregnado na minha pele, a minha alma tem a tua marca, eu hoje não sou apenas eu, hoje o melhor de mim foi descoberto por ti, em ti me encontro e sem ti nem eu faço sentido.

sábado, 8 de março de 2014

O sol e as gargalhadas.

O sol sorri-me hoje. Aquece-me a pele e a alma, faz-me querer cantar e dançar, faz-me querer sonhar acordada e esquecer todo o resto do mundo.
As crianças correm e riem, porque o sol decidiu sorrir para elas também. É um belo som ouvir crianças rindo e perco-me na minha vontade entre apreciar o silêncio e apreciar as suas gargalhadas. Talvez sonhe acordada sobre ser uma delas de novo. Sobre rir com qualquer coisa, com coisa nenhuma, com tudo.
Sentada à secretária, trabalhando como posso, alimento a minha vontade de correr ao sol com as suas correrias, e imagino-me noutro espaço, noutro lugar, numa outra estação, numa primavera que nunca acaba, e trabalhar já não parece tão mau...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ideias do Aconchego

Desvaneço-me por entre os teus braços, nesse calor que o teu corpo emana sobre o meu. Fecho os olhos e flutuo por magia, numa nuvem que paira num sonho encantado.
Cantas-me ao ouvido, murmúrios que ficam longe e perto como a maré, e o som da tua voz banha-me em ondas cálidas.
Os beijos que de seguida depositas na minha testa fazem com que me enrosque mais em ti, como uma gata preguiçosa, que passaria o dia aninhada junto ao dono.
És dono de um coração lustroso, no fim de enrugado cresceu e se pôs novo, para poder dar brilho ao teu também.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A surpresa

Ela queria surpreender.
Mas os jantares às luz das velas estavam já há muito esgotados, e todos os dias eram especiais.
Bastava dar as mãos para um arrepio a percorrer, para a corrente eléctrica os ligar um ao outro.
O mundo parava a cada cruzar de olhares. O mundo parava a cada abraço. O mundo parava só para eles, porque eles eram um do outro, e o mundo não lhes podia tocar, nem o tempo, nem algo exterior a eles mesmos.
Nesse dia ela acordou com vontade de atiçar aquela paixão, que era sempre tanta, mas nunca demais. Tirou a caixa do armário, bem guardada, para uma ocasião como aquela. Retirou o conteúdo e sentou-se na beira da cama a admirar a sua aquisição. Duas peças de seda preta e renda vermelha, a lingerie mais sexy que ela conseguira encontrar, e um robe de seda preto para aumentar o conjunto. Contrastavam bem com a sua pele cor de neve, e com as suas faces rosadas, devido a um pouco de vergonha por ter comprado um conjunto tão inesperado. E foi assim que ela o esperou na cama nessa noite, ansiando pelo momento em que aquelas peças ficassem esquecidas pelo chão..
Oh! como eles eram loucos um pelo outro! E se devoravam, como quem se sacia só com o amor. E o mundo parava de girar, só para que eles se pudessem amar um pouco mais.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O tema da actualidade

Há um gosto qualquer pela exaustão.
Deixar as pessoas exaustas. Sempre a mesma conversa, sempre a mesma discussão. Até as pessoas deixarem de querer saber, porque já custa responder sempre a mesma coisa, aos burros que não querem nunca ouvir.

Há uma praga de acéfalos por ai, pelo que se ouve dizer. Pelo que parece faço parte dessa grande massa de serial killers, ditadores, uns autênticos fascistas.
Temos essa massa de fascistas e serial killers que o único crime que cometeram foi andar a brincar às escondidas, à apanhada, trocar de lugar com colegas, conhece-los. E fazer um pouco de exercício físico, quem não o fez na escola também? Por vontade própria. 
Mas claro, nós somos os maus por organizar as actividades que nos pedem que realizemos, porque se for uma por mês os caloiros já nos vem dizer que é pouco e querem mais. Temos os pobrezinhos dos caloiros, que se alguma vez choram é de tanto rir. Mas não, eles são a massa acéfala, como nós, doutores, que não percebem que estão a ser humilhados com as brincadeiras, como também foram humilhados quando brincaram em criança!
Se nos devemos preocupar com a falta de condições numa faculdade? Com alunos sentados no chão a assistir a aulas, ou mesmo a realizar exames, ou salas com péssima acústica que a partir da terceira fila já ninguém ouve nada? Ou preocupar com a falta de profissionalismo de tantos professores? O elitismo que eles sim possuem? Ou mesmo com a falta de organização dos órgãos administrativos que nunca resolvem um problema de um aluno?
Não, não nos devemos preocupar com nada disso, porque os doutores são acéfalos e andam a pagar propinas para beber uns copos na noite e praxar uns caloiros, e os caloiros, não devem ir as aulas, afinal, os doutores são tão cruéis que não devem deixar! A PRAXE é a culpada!

Acho terrível como "meia dúzia de gatos pingados" pensam que podem vir dizer "Tu não fazes!!Porque EU acho mal!", pensando-se no direito de vir decidir algo que é de decisão pessoal, individual, e que mais ninguém tem a ver com isso. 

Nada é perfeito, e há sempre más pessoas em todo o lado, mas aqui, só se sujeitam ao que querem.
E ai de quem me venha dizer que não posso meter-me de quatro se eu o quiser fazer. 


Quando não estás...

Quando não estás penso-nos num banco de jardim.
Na primavera, em que as flores estão viçosas, a paisagem é verde, o sol nos aquece o corpo e os pássaros nas árvores nos dedicam uma melodia.
Como no tempo em que nos conhecemos.
imagino-me sentada no teu colo, e tu apertas-me nos teus braços por eu ter medo de cair. É já um hábito teu me segurares quando um temor me enche a cabeça.
Fechamos os olhos e sei que ambos pensamos ao mesmo tempo no quanto o nosso amor cresce, como um filho de quem cuidamos diariamente.
Sorrimos, para nós e um para o outro.
E pegas em mim para dançarmos, com os corpos colados, com os pés acima do chão. Porque já voamos de tão leves nos sentirmos quando juntos.
É assim quando não estás ao meu lado. Quando estás, é tudo ainda mais perfeito.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Hóstil

Procura-me num dia em que não faça sol.
Procura-me quando te terminar a felicidade e descobrires que o mundo é um local solitário.
Não me procures nunca. Ou terás que percorrer locais sombrios para chegares a mim. Vem depois de enfrentares os teus medos. Vem depois de combateres os teus problemas. E chega arrasado pelo caminho. Há morcegos por estes lados, porque a escuridão é maior que a vida. 
Se quiseres vem. Mas não venhas para ser feliz.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A velha caixa fechada com uma fita de seda

A rotina era sempre a mesma. Ela chegava a casa e pousava as preocupações em cima da mesa do hall de entrada. iria pega-las noutra altura.
Sentava-se à mesinha junto à janela com vista para o mar. Uma caneca de café quente e uns bolinhos de chocolate, receita secreta da mãe.
Olhava para o mar durante uns dez minutos enquanto saboreava o café e aquecia as mãos na chávena escaldante.
Era Inverno, e chovera durante duas semanas seguidas. O sol parecia um milagre nesse dia. Com sorte veria um por-do-sol sem uma nuvem que o arruinasse. Como ela gostava do por-do-sol na praia, de ver o sol desaparecer no horizonte tão lentamente, provar que o mundo não pára um único segundo.
Então chegava a hora de pegar nas folhas brancas por escrever e na sua caneta preferida, a primeira que lhe tinham oferecido.
Ela escreva cartas, sempre destinadas à mesma pessoa. Eram cartas de amor. Descrevia o sentimento que carregava no peito, que a fazia chorar lágrimas salgadas, como o mar que via bravo e zangado.
Mas ela não estava brava nem zangada. Uns dias estava triste e deixava as marcas das lágrimas na carta. Noutras estava feliz, e era a única ocasião em que pintava os lábios de vermelho e deixava a sua marca em jeito de despedida.
Nunca colocou destinatário, e guardava as cartas numa caixa velha de sapatos, fechada com uma fita de seda.
Eram para um amor antigo, uma daquelas paixões arrebatadoras. Que não deram certo.
Sabia o seu nome de cor, e a morada era fácil de arranjar, mas apesar de sempre que fechava uma nova carta dizer para si que um dia as enviaria, sabia que elas ficariam na caixa, ou seriam atiradas ao mar que a assistia a escrever.
Ela tivera outras paixões mais tarde.
Mas tinha agora trinta anos, e escrevia apenas para uma.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Questões da alma

Tenho a alma nua
Despida das futilidades
com que me bombardeiam no dia a dia.

O que é uma alma sem vestimenta? Sem roupas que a cubra, e a esconda de olhares indiscretos?
O que é ser apenas e nada mais?
É feita de quê afinal, debaixo de todas essas camadas de infinitos mistérios? Serão emoções e sentimentos, essas dores de cabeça, que às vezes desejamos não ter?  Será essa a sua matéria? Será um emaranhado de cores e luz, difuso no ar? Será o amor puro e verdadeiro que lá encontro, após todos os ódios serem retirados? 
Talvez sejamos  mais vivos só com alma, talvez mais simples, mais concretos, mais sinceros. Talvez nos tornasse a todos mais humildes e mais empáticos.
Talvez se tornasse mais fácil descobrir a alma que nos cabe encontrar, com quem nos cabe ficar.
Eu já vi a alma de alguém e a senti como minha, e vi nessa mesma pessoa a minha alma reflectida.
Talvez por isso...
Dispo-me como quem tira a pele. Ficarei mais leve... ficarei mais livre... 
Amar e ser livre é a mesma coisa, não é?

Desabafos

A noite foi longa, e pouco dormi.
Agora a chuva cai lá fora como se não se importasse com o decorrer da minha vida. Não se importa na verdade.
A preguiça leva-me à procrastinação; Vejo o fumo desaparecer no ar, e isso foi até ao momento o mais interessante que fiz.
A minha vida torna-se monótona quando estou só.

Precisa da excitação do teu beijo, do ritmo do coração a acelerar ao minimo toque teu, da tua voz doce no meu ouvido a dizer coisas que me fazem corar, preciso de cuidar de ti, de te dar carinho, de te mimar, de te fazer feliz.
É injusto estar longe de ti quando te amo com toda a vida que tenho em mim.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O céu dourado

O vento varre as folhas ao fim da tarde.
O baloiço se balança, com a alma perdida que dança, não procurando outra vida que o dançar, no meio das folhas coloridas de outono.
Há cores que brilham com o pôr do sol, há pássaros que cantam, e também dançam. Há passos no distante. Porque o distante é longínquo e aqui nunca chegará. Aqui só há simplicidade. Aqui só há cor, dança e música. Aqui a vida é diferente e solitária. Mas aqui é sempre fim da tarde e o céu está sempre tingido de dourado com uma estrela companheira.
Aqui o vento passa para brincar, para empurrar as folhas e para empurrar o baloiço. Aqui é um mundo à parte.

Quando a chuva cai

A chuva cai abundantemente.
São rios e rios, de águas um dia evaporadas.
A chuva cai abundantemente.
Os guarda-chuvas voam, e as pessoas protegem as cabeças como podem, com mãos, sacos, e casacos.
A chuva cai abundantemente, e Clara pára encharcada à porta dum prédio desconhecido.
Está um cheiro a tabaco no ar, e ela procura com os seus olhos pequenos perceber se se encontra acompanhada. Nota um movimento na sombra, e distingue a ponta de um cigarro aceso.
Um rapaz desloca-se ligeiramente para uma zona iluminada pelo candeeiro da rua. Olham-se durante segundos, constrangidos, e ela desvia o olhar, corando.
Ele estabelece diálogo. - que temporal.
O primeiro pensamento que ocorre à Clara é não responder, depois pensa em continuar pela chuva e tentar chegar a casa sem uma gripe. Desiste da ideia ao ver como chove cada vez mais, e responde sem olhar para o rapaz, - é mesmo, há muito que não via chover assim.
A respiração dele ouvia-se, profunda, e a voz era rouca, não se sabe se natural ou causada pelo frio.
- Estás bem?
Ela não tinha notado até então, mas estava a tremer do frio; afinal, tinha apanhado imensa chuva até desistir de correr e abrigar-se debaixo de um prédio. - Estou bem, só preciso de chegar a casa.
Tentou gracejar.
De repente vê o rapaz dar um passo na sua direcção e estender o braço para ela. Toca-lhe no ombro - estás gelada, e a tremer, não podes estar bem.
A primeira reacção dela foi dar um pequeno passo atrás para aumentar a distância com o desconhecido, - está tudo bem, o problema é só a roupa molhada, em casa já ficarei bem.
Entretanto o rapaz terminou de fumar, e procurou no bolso as chaves de casa. Estava a virar-se de costas para a Clara, e a abrir a porta do prédio quando pára e se vira de novo. - Sou o Nuno, e vivo neste prédio. Sei que não me conheces de lado nenhum, mas também sei que essa chuva não parará em breve e custa-me ver-te a tremer dessa forma.
Clara não queria acreditar no que estava a ouvir, e não sabia o que esperar de toda aquela conversa, tudo lhe parecia estranho, mesmo assim não esperava ouvir o que se seguiu - Tenho máquina de secar roupa, e podes tomar um banho enquanto ela seca, não demoraria....
Terminou com um pequeno sorriso, e Clara não sabia se tinha sido essa a razão porque quis aceitar, ou se foi por causa da voz rouca e sensual dele, ou do frio que a gelava até aos ossos. Um banho quente era tentador, e o facto de ser em casa dum rapaz desconhecido já não parecia assim tão errado.
Ela nada disse, apenas sorriu de volta e deu um passo em frente, na direcção da porta. Subiram até ao segundo andar em silêncio, e ele abriu a porta do apartamento sem mesmo dizer nada. O apartamento era pequeno, mas moderno e tipicamente masculino.
Pararam na sala dele, e olharam um para o outro. Difícil perceber qual o mais constrangido com a situação. Nuno contorcia as mãos nervoso, e Clara não tirava os olhos do chão. Foi um momento mais longo do que eles teriam desejado. Nuno então quebra o silêncio - A casa de banho fica na segunda porta à esquerda, no corredor, posso dar-te uma toalha e deixas a roupa à porta que eu já lá passo a buscar e volto a coloca-la lá.
Enquanto dizia isto dirigia-se em direcção à casa de banho, e a um armário de onde tirou uma toalha.
- Podes demorar o tempo que precisares, quando estiveres pronta eu estarei na sala.
Clara fecha-se sozinha na casa de banho. Repara então que não é só do frio que treme. Talvez, a sua decisão não tivesse sido a mais acertada. Não conhecia Nuno, e não sabia o que a esperava, talvez ele quisesse fazer-lhe mal, e ela não sabia.
Tranca a porta da casa de banho antes de se começar a despir, a seguir olha pelo buraco da fechadura para ter a certeza que pode deixar a roupa do lado de fora da casa de banho, como combinado.
Volta a trancar a porta.
Liga a torneira da água quente e coloca-se debaixo do chuveiro. Um longo suspiro sai sem mesmo ela o pensar, ao sentir a agua quente aquecer o seu corpo aos poucos. Mas o batimento cardíaco não diminuiu ao saber-se nua na casa de banho de um desconhecido. Por segundos passaram-lhe diversas imagens eróticas pela cabeça, imaginando aquele rapaz a entrar pela casa de banho e a agarra-la fogosamente. Coloca um pouco de água fria com o objectivo de clarear as ideias, e dá a desculpa para si mesma que já tinha apanhado uma gripe e estaria provavelmente com febre.
Ao terminar o banho seca-se bem com a toalha e volta a espreitar pelo buraco da fechadura antes de destrancar a porta. A roupa estava impecavelmente enxuta, e ela veste-se rapidamente.
Ao dirigir-se para a sala, o coração começa a bater mais depressa, com receio e também ansiedade, ao não saber o que iria suceder.
Nuno encontrava-se sentado no seu sofá vendo televisão, mal notando o aproximar de Clara.
- Muito obrigada, foste muito simpático por me teres deixado vir a tua casa.
Nuno olha de repente para Clara, dando a impressão que já se tinha esquecido que ela estava lá em casa. - oh sim, não há problema nenhum. Estive a reparar no tempo, está a chover menos, e o vento parece ter abrandado, se quiseres empresto-te um guarda-chuva, tenho mais e não me fará falta.
Clara sente-se um pouco desapontada pela reacção do Nuno, teve que admitir a si mesma, mas vê que é hora de ir embora. - Aceitarei a oferta, se realmente não incomoda.
Nuno então levanta-se pega no guarda-chuva que tem perto da porta de entrada e abre a porta. Encosta-se de lado.
Clara vai a passar por ele e ele pega-lhe no braço fazendo o coração dela disparar. - Não te esqueças do guarda-chuva.
e entrega-lho na mão sorrindo para ela. Clara, sente-se mais uma vez desapontada e ao mesmo tempo aliviada, sorri também para ele - voltarei para o devolver.
E saiu directa para casa com um sorriso nos lábios.
A chuva cai abundantemente, e pessoas conhecem-se por acaso.

Prosa em teu jeito, numa poesia enroscada

Fazes parte de mim,  Extensão do meu coração. Arranco-te parcialmente do peito Quando me largas a mão, E te afastas no teu caminho solitário.
Gosto de te ter a meu lado Perder-me em ti O dia ser noite A noite ser dia Deixarmos o relógio parado.
Gosto de me esconder no peito amado, onde bate um coração tão igual ao meu, em pleno amanhecer;
Deixar-me sonhar num sonho acordado, numa música inacabada, sem inicio, sem fim, sem parar de tocar.
És bom de amar, És bom de querer, Serás para nunca esquecer, Para nunca deixar, 
Serás o eterno amor, a paixão nunca esquecida, a vida que sempre quis viver.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Impede-me resignação, não tarde demais

Agarro-me à tábua que flutua,
Esqueço-me dos dias e das horas-
o espaço, é infinito.
Abalo a fé, e as esperanças,
abalo o mundo inteiro
com a mão escorregando,
com a água me balançando
num oceano que criei.

O mar está bravo,
posso largar a tábua
ser engolida pela agitação
dissolver-me em espuma
ir abaixo na tormenta
ser enrolada na anarquia.

A desordem está em mim:
Um oceano infinito,
No meu âmago.
Que não pode sair
e me afoga.

Se pudesse ao menos chora-lo...

Até já, mais uma vez

Gosto de me sentar na beira da tua cama e apenas olhar. Olhar-te, enquanto te moves pelo quarto, procurando ou fazendo alguma coisa. Mas hoje sento-me na beira da minha, e não te vejo. Está escuro, mas também não te sinto nem posso procurar a tua mão debaixo dos lençóis. Sei que chamar o teu nome é uma acção em vão, não responderás, não te chegarás a mim e me aconchegarás nos teus braços até o frio ir embora, nem acenderás uma vela para termos luz suficiente para nos olharmos enquanto encostamos os nossos corpos e as nossas caras sob um tecto sem estrelas, mas debruçados sobre um campo de emoção, e cobertos por um amor do qual sabemos tão pouco ainda e sem fim conhecido.
Hoje não haverá risos "gozões" da tua parte, nem risos histéricos da minha, a quebrar o silêncio, que já me preenche por dentro. Não haverá festas na cara ou beijos no braço, ou festas no braço ou beijos na cara, quando a ausência de toque entre nós se torna a mim insuportável. Não caminharei descalça no chão frio por mais uma vez não saberes onde param os chinelos que usámos minutos atrás, nem te lavarei a louça porque a tua preguiça é rei do sítio distante de onde vens.E não sorrirás para mim, não sorrirás e não me levantarás no ar, nem pegarás na minha mão para dançarmos sem outra música que não a do teu coração.
Porque hoje foi dia de voltar a casa.
Já tive a oportunidade de te sonhar desde que te deixei esta tarde, ou desde que me deixaste esta tarde, é confuso quem deixa quem, como foram os meus sonhos, mais confusos que quaisquer outros, abstractos e sobrepostos, numa realidade um pouco ou tanto alternativa. Parti frustrada. Não tive tempo de te abraçar e de te beijar como desejava. Foi uma correria o dia de hoje, e  reprimindo as lágrimas, que mais que uma vez, e por razões já esquecidas, se quiseram libertar esta semana, coloquei o sorriso mais bonito que consegui e te disse adeus por mais uns dias, um "até já" que dói, porque não enchi todo o meu ser da tua energia, da tua presença, da tua alegria contagiante, do teu sorriso e do teu abraço. Hoje parti menos eu, e assim que virei as costas senti esvaziar-me, senti a vida a fluir para o exterior, o ar tornou-se rarefeito, e quase perdi o fôlego e o equilíbrio enquanto caminhava na direcção contrária à tua. Já me desembaracei de algumas lágrimas entre o calor esquisito dos cobertores e a música arrepiante.
Assusta-me esta intensidade com que te sinto, o quanto me completas. Se um dia tiver que te dar um adeus eterno, poderei perder-me, num espaço desconhecido, num local assustador, num local sem saída. Temo sem ti nunca mais voltar a ser a mesma. Se um dia partires, levarás de mim a melhor parte.

Pink Floyd - Wish You Were Here

sábado, 4 de janeiro de 2014

O beijo

Vivo no teu beijo.
Sou, no tocar dos nossos lábios,
No tocar do meu peito nu no teu peito descoberto.
Respiro pelo coração.
Sinto o teu cheiro e quero viver,
Vivo cega, de sensações.
Fecho os meus olhos mas continuo a ver-te,
as minhas mãos percorrem-te,
já te conhecem tão bem.
Sugo-te o amor que me tens
E me entrego
para me devorares para teu prazer.
Fosse só no beijo em que me deixo...
Fosse só no corpo em que me perco...
Mas é o coração que mais me atrai.

Maybe we're just perfect to each other

"I'm the one that loves you more, more than you love me, more than anyone could love you anytime or anywhere, more than I could even love myself, so just let me love you with my mind, my soul, my entire body, please." <3

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Brinde ao novo ano

Começou um ano novo. Num calendário que não sei quem inventou e estabeleceu.
O ano que passou foi bom. Trouxe-me o amor que eu não esperava encontrar, trouxe-me um remédio para a solidão, trouxe-me vontade de lutar pelo futuro, vontade de lutar pela esperança que eu pensava já ter morrido em mim.
Todos nós, nalguma altura, pensamos que todos os anos serão iguais, que todos os meses e dias que se seguem trarão a mesma dose de problemas e aborrecimentos. Por vezes, paramos a observar a vida e só vemos lágrimas e dor.
Tive um ano em que vi mais que dor. Vi e vivi provas de amor sincero. Senti o que é nunca estar só, e o que é ter um pouco de alegria no meio da tristeza. Foi bom ter alguém a meu lado que não apontasse constantemente as minhas falhas e sim as minhas qualidades.
Para este ano não faço promessas. Não prometo ser uma pessoa melhor e sem erros, mas mantenha todas as promessas que fiz ao longo dos anos, a pessoas ou a mim mesma.
Para mim, a meta é a felicidade, e para a atingirmos devemos manter-nos fieis a nós mesmos, ignorar quem nos faz mal e valorizar quem nos faz bem, dizer sempre a verdade, e não calar o sentimento. O que é importante para nós deve ser aceite pelos que nos querem bem.
Este ano só peço que se mantenha na mesma direcção que terminou o passado.
Quero continuar a amar e a ser amada pela mesma pessoa maravilhosa e espectacular que encontrei. Se assim for, será um ano excelente de certeza.