quarta-feira, 23 de abril de 2014

Perfeita

No fim seremos só esqueleto, só pele, só coração a bater ao sabor dum relógio sem pilha.
Ninguém cobrirá nosso corpo esquecido e deteriorado. A terra será nossa filha, como o ar é nosso pai, e nos consumirão para que fiquemos neles como em mais ninguém.
Não seremos os pobres dos que mendigam, dos que estenderam a mão aos rostos que passavam ignorando a nossa existência.
Não seremos mais que nós, entregues ao mundo, mas não ao destino, ou a histórias, ou a passados, futuros, nem mesmo a presentes. 
Seremos de vários mundos, mas de nenhum. 
O mundo será nosso. O mundo será nada.
Como nós, nada é a meta última. Porque sendo nada alcançaremos a perfeição...
...mesmo que ninguém mais o saiba.

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