domingo, 30 de dezembro de 2012

As quatro paredes.

Carrego um peso no coração.
É sempre bom regressar a casa, mas quando não temos mais casa, para onde regressamos?
Quando pertencemos ao mundo, e somos vagabundos nas suas ruas, não há fogo que não se apague pelo vento gelado que vem do norte, do sul, de todas as direcções.
Não há onde nos escondermos, nem o conforto de quatro paredes, um espaço a que chamar de nosso.

Quando se sabe o vencedor antes do inicio da batalha.

Soube-te tão bem impossível. Desde o inicio que o teu sabor era amargo; a dor; a esquecimento.
Desde o inicio eras salgado, como as lágrimas que um dia iria chorar por ti.
A minha ânsia foi forte, e quanto mais eu experimentava, mais te queria, apesar de saber tudo o que o futuro nos traria.
Cada momento mais longo na tua ausência era uma premeditação do que um dia teria que enfrentar.
Um dia restar-me-á um sabor esquecido a saudade, de um "nós" que nunca existiu.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O dia em que quis desistir

Como se arranca o coração?
Como se impede que ele grite de dor a cada corte cada vez mais profundo?
Porque se cura um coração que sentirá mais uma vez a dor antes mesmo de sarar?
Porque é que em cada defesa, cada muralha, há um ponto fraco donde irá tudo ruir de novo?
Como se deixa de acreditar?
Como se mata a esperança?

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Di'Di, Coimbra é nossa casa




"Já estamos quase no fim do 1º semestre do 2º ano e sinceramente eu devia estar a estudar. Mas sabes? Achei este um momento maravilhoso para rever fotos. E imagina só o que me aconteceu? Fiquei com aquela saudade feliz de quem passou por momentos maravilhosos e que sabe que não os pode viver a todos de novo. 
Tu e eu sabemos bem como é verdade que o melhor ano é o ano de caloiro. A novidade, as pessoas que se conhecem, uma cidade nova, todo um novo mundo à espera que nos o descubramos! 
Quem se sente orgulhoso desde o primeiro dia que sabe que vai frequentar esta universidade, quem se sente orgulhoso de vestir capa e batina, quem consegue olhar para Coimbra e sentir o coração cheio de emoção sabe o que é saudade. Saudade é o friozinho que nos enche o peito e que se derrama pelos olhos quando sabemos que Coimbra é uma fase passageira da nossa vida, e que um dia chegará a hora da despedida, apesar de lhe podermos sempre chamar casa, porque sempre lhe pertenceremos. 
Coimbra traz-nos grandes memórias, traz-nos grandes amizades. Coimbra trouxe-te a mim, e sempre me sentirei grata por isso." ♥

domingo, 16 de dezembro de 2012

"My heart is scared, my heart is gone"

Caminho com um buraco no peito.
Ele está camuflado com todo este excesso de pele. Mas eu sinto-o na perda de equilíbrio  Sinto no tremer do corpo, na sua tendência para a queda.
Sinto no fechar dos olhos para tentar repor algum cansaço que me consumiu, e sinto no cair das lágrimas invisíveis que ficaram presas na garganta.
Sinto na sensação de vómito, sinto na sensação de fome, sinto na sensação de nó no estômago.
Sofro com a tua ausência mesmo antes de partires. 
Talvez porque nunca chegaste efectivamente, e ficaste a milímetros de me tocar.
Mas esse passar de leve chegou para fazer o meu coração fugir e tentar seguir-te.
O frio que ficou embaciou a minha visão.
 Caminho olhando para os pensamentos e custa-me respirar a esta profundidade.
Sinto na febre ilusória.

Sinto na voz interior que chama por ti.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tudo controlado!

A partir do momento que digo que está tudo controlado, não se fiem.
Significa exactamente o contrário do que possam pensar.
O controlo fugiu pela fresta da porta quando alguém entrou, e eu tento convencer-me repetidas vezes que ele está presente. Talvez esteja até a tentar fazê-lo voltar, fingindo que ele nunca partiu.
Mas eu continuo como se nada se passasse, salto em chão de vidro, brinco com o fogo como se nunca me fosse queimar.
Um dia o vidro parte e o fogo queima. Aí fico admirada como se há muito me tivesse esquecido que o controlo não me acompanhava mais. Mas é tarde, já me magoei.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Guias

Percorro uma estrada sem tomar atenção ao caminho. Os meus pés guiam-me como se tivessem vontade própria e não me perguntassem a cada passo que davam se eu queria realmente da-lo. Faça sol ou chova torrencialmente, eu continuo de olhar desfocado a sentir o calor dos raios de sol banhando-me, ou a chuva gelando-me até aos ossos. 
Enquanto há caminho eles avançam.
Só acordo realmente quando chego ao precipício  e o medo apodera-se de mim. Balanço na sua ponta, enquanto um pé teima em querer saltar e o outro não descola do chão. Cabe a mim ter a ultima decisão. Quererei eu tentar voar?