terça-feira, 31 de março de 2015

Medo

Tentei soprar o medo embora. O medo de não ter o teu abraço quando precisar de me aninhar, o medo da tua voz distante não chegar para me aquecer, o medo de não voltar a ter aquilo que tivemos.
Tentei secar os olhos, soprando o medo para longe, e parece tudo tão irreal agora. 
Só queria poder aninhar-me nos teus braços e dormir.
Dormir e sonhar contigo, nada mais pediria. Porque ir mais longe se teria a felicidade agarrando-me com força? 
Um dia de cada vez, dizes tu, com esse ar de certeza, de quem manda no mundo, e que tudo correrá bem. Será que saberei ser forte sozinha?

domingo, 22 de março de 2015

Observar

Percorro a tua face com os meus dedos, e a tua barba arranha-me suavemente e faz cocegas. Mas são cocegas boas e não como aquelas que me fazes só para me veres espernear meio em agonia, meio divertida. Gostas tanto de me chatear. E eu sorrio perante a brincadeira, e outras vezes amuo, e tu gostas ainda mais, seu malandro! 
Mas gosto de te ver sorrir, satisfeito, porque estou amuada mais uma vez e tu conseguiste esse objectivo estranho de mexeres comigo. Mexes comigo de formas mais prazerosas, deverias apostar nisso meu bem, eu agradecia. 
Mas tu és sempre tu, com esse jeito especial de me agarrar entre esses teus braços e me fazeres sentir em casa; tu és sempre tu, com essa cara de malandro, de quem vai fazer travessuras; tu és sempre tu, com esse teu jeito de levar um dia de cada vez e de fazeres o que te apetece a cada minuto que passa; tu és sempre tu, mesmo quando és o maior preguiçoso do mundo, e mesmo assim eu faço as coisas por ti porque não resisto a ver esse sorriso de agradecimento. 
Não me apaixonaria por ti da mesma maneira se fosses diferente. És tu que me fazes sorrir, que me fazes rir, que me fazes sentir segura, e que me fazes sentir quente e confortável. 
Percorro o teu corpo com os olhos, a forma como já colocas o braço de forma a eu me poder aninhar, com a cabeça pousada na cova do braço, já reparaste na forma como os nossos corpos já se encaixam, e como as nossas respirações estão em uníssono? 
Será que também observas como eu te olho? Será que reparas como toco a tua mão ou a tua perna, como te acaricio devagar? Como te mimo quando estás doente ou quando estás triste ou chateado? Como procuro sempre saber como estás ou se precisas de alguma coisa? Como te abraço mais forte quando vais embora, para sentir-te um pouco mais junto de mim? 
Eu reparo quando pegas a minha mão, quando a beijas, quando me beijas a cabeça, quando me elogias sem eu estar à espera, quando fazes algo sem eu pedir primeiro... 

Quero acordar a teu lado, para poder observar-te, para poder roubar esse teu jeito, que me faz tão feliz.

Mais

Queria ter mais um dia, dois, mil anos eternos para te amar.
Mais um, pedido a cada sol que se já deitou, e deixou cair a noite.
Olho o céu esperando cair uma estrela para lhe pedir o teu sorriso junto ao meu, o toque dos nossos lábios, o toque morno dos nossos corpos, e os nossos pés entrelaçados como se fossemos uma só alma.
Nem sei porque quero pedir tanto, quando já tenho o teu amor, já tenho o teu sorriso, já tenho os teus abraços, já tenho as tuas palavras doces. Nem sei porque quero sempre mais, porque não me sacia esta vontade de amar, e de ser amada. 
Mas sabe-me a pouco as longas horas que estivemos juntos quando me encontro só, neste quarto frio e desolador. Sinto um nó na garganta, e um aperto no peito,que não sinto quando escondo a minha cara contra o teu peito e me aninho como um gato preguiçoso.
Terás tu o poder especial para curar uma alma triste? Conta-me esse segredo, para ser tão grande aqui, como quando estou contigo.