terça-feira, 27 de novembro de 2012

E se compararmos tudo ao amor?

É como ter começado a vida numa sala escura; nos primeiros anos de vida não vemos nada, essa escuridão engole-nos e consome-nos toda a força. Podemos correr e nunca vamos contra uma parede, nunca vamos contra absolutamente nada. Corremos, sem saber se é em círculos que andamos, sem saber se há um fim. Gritamos e as respostas que obtemos são os ecos de nós próprios. Por mais disformes que eles cheguem aos nosso ouvidos sabemos que são as nossas vozes que voltam a nós.
Depois, passado algum tempo conseguimos já ver os nosso próprios contornos, podemos apreciar os nossos movimentos, enquanto os nossos olhos se vão habituando à falta de visão. Caminhamos de braços estendidos, a tentar ver se algo próximo de nós se move também. Será um corredor extenso? Será uma sala vazia? Ou estará cheia de outros tantos como nós? Desta vez já conseguimos ouvir umas vozes diferentes, uns tons diferentes que se cruzam com os nossos ecos. Há com certeza alguém mais a gritar!
E então vamo-nos aperceber que começa a clarear, e que vemos mais pessoas ao nosso redor, que começam agora a ver-nos também. As vozes já não estão longe, e os significados já não se perdem na distância. Já podemos esbarrar contra paredes, muros, tropeçar em calhaus soltos, cair, magoar-nos. As palavras já podem ferir-nos. Tudo agora é mais profundo. Tudo agora é mais verdadeiro. Tudo agora é mais real. E há sempre contrapartidas. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Serás demasiado real?

Preferia-te a pessoa certa no momento errado. Os momentos errados tornam-se certos, ou podemos só esperar que esses momentos mudem, porque os momentos mudam como os ventos, mudam com o desfolhar das páginas, basta desenrolar a história, basta escreve-la com o nosso lápis afiado, e ter um apagador à mão para poder ir fazendo as correcções necessárias a ter o final que queremos.
Mas és a pessoa errada no momento certo. Não, Não sei bem o que isso significa. Os mais distraídos não notariam a diferença entre uma pessoa certa num momento errado e uma pessoa errada num momento certo. Mas eu não estou distraída, não volto a estar de novo. Já não sou ignorante nestes assuntos do errado e do certo; o errado tem me dado algum trabalho de casa.
E então é nisto que me deparo. És a pessoa errada em vários sentidos.
Não sei porque penso em ti os dias, as noites
Não sei, e temo pensar que seja por te saber tão errada, talvez no fundo
Eu não queira que sejas a errada, 
Talvez, 
talvez eu quisesse apenas, 
Que fosses
a certa.
Quem sabe seres a pessoa errada me faça ficar mais fascinada por ter-te conhecido e por nos estarmos a dar bem; em ti encontrei algo que não esperava. posso até adiantar-me e dizer que em ti encontrei o contrário do que esperava. Talvez saber à partida que eras a errada tivesse sido o meu erro. Talvez inconscientemente eu queira provar a mim mesma que não há forma de fugir de quem aparecesse por acaso. Talvez eu queira mostrar-me que todas as pessoas podem parecer as certas, só temos que dar a oportunidade delas mostrarem aquilo que têm para dar. 
Mas quem sabe tudo se trate apenas do momento certo.
Talvez seja tudo um grande engano deste excêntrico cérebro, 
que viu este momento como o prefeito
e queira agora fazer-me uma rasteira e ver se caio.
Não sei se será do momento, 
do momento ser o certo,
 de ter estado à (tua) espera, e me agarrar a ti (por)que apareceste.
Não paro de me questionar: 
Quanto tempo isto durará?
Que pensas tu disto?
Serei mais uma pessoa errada no momento certo?

“You have to promise you won't fall in love with me.”  
― Nicholas SparksA Walk to Remember

"When the days were long and the world was small"

"Hold my breath as you're moving in, 
Taste your lips and feel your skin."
Parachute - "Kiss me slowly"

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

"No there's no starting over // Without finding closure."

De todas as vezes que vejo algo em ti de que não gosto eu aponto mentalmente na minha lista de defeitos teus, com grandes setas, para me recordar todos os dias ao acordar, antes de recordar o teu sorriso. 
A lista já tem uma certa quantidade de coisas, e eu continuo a pegar em tudo o que posso para acrescentar.
Mas continuo a falhar. Quando acordo não penso nessa listinha, mantenho-a num canto da minha mente e lembro-me das vezes que sorris, das vezes que te aproximas quando não estou a espera, das vezes que colocas a mão no meu braço, das vezes que te sentas a meu lado.
Mas depois desse momento volto a tentar concentrar-me nos teus defeitos. Quando não te vejo. Porque basta ouvir a tua voz ao aproximares-te , e o que já faço automaticamente é fazer-te uma festa na cara. Tento convencer-me que simplesmente tens uma cara fofa, e que não se deve a nada esse magnetismo que tens e me faz querer dar-te uma estalada suave e dizer que és horrível.
Apesar de toda a força que estou a fazer para me afastar, para te esquecer, num momento de fraqueza percebi que a minha vontade não era dar-te festas na cara, era chegar junto a ti e encostar os meus lábios aos teus, era poder encostar-me a ti e fechar os olhos ao mesmo tempo que sentia os teus braços a fecharem-se ao redor de mim.
Diariamente luto contra estes pensamentos, diariamente tento convencer-me que isto não significa nada.
Pensei estar já convencida, mas os ciúmes teimam em aparecer e lembrar-me do que sinto.
Não sei o que é isto.
E sou sincera quando digo que não quero encontrar ninguém.
Neste momento quero estar sozinha.
Mas não sei o que isto significa, não sei como equilibrar isto com aquilo que sinto cada vez que te vejo. Com aquilo que sinto quando penso o quão diferente somos, e como sei que nunca vou suscitar nenhum interesse em ti. Com aquilo que penso quando te vejo afastar todos os dias um pouco mais na direcção oposta à minha. 
Só sei que és de alguma forma especial. 


"First, you think the worst is a broken heart
What's gonna kill you is the second part
And the third is when your world splits down the middle
And fourth, you're gonna think that you fixed yourself
Fifth, you see 'em out with someone else
And the sixth is when you admit
That you may have fucked up a little"

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Danças

Gosto de ver uma vela arder.
Gosto da luz alaranjada, e das sombras que dançam na parede.
Gosto do cheiro.
Gosto do calor.
É uma protecção contra o frio e a escuridão.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

GELO & FOGO

A minha pele é fria. Isto poderia levar a conclusões e dizer que sou gelo, que meu coração é pedra.
Tem graça. Sempre gostei do fogo. Sempre quis brincar com ele, mexer os dedos e pô-lo a dançar, como se fosse a minha marioneta. Gostava que embora fosse quente,  não queimasse. Como eu ; Por dentro.