terça-feira, 21 de junho de 2016

Caixa de pandora

Tenho um monstro debaixo da cama. É negro como o canto mais escuro do beco sujo, e tem os olhos cheios de maldade. Ele puxa a raiva de mim, e lembra-me como às vezes o nosso instinto é matar, causar dano, causar tantas feridas como aquelas que não saram em nós. Recorda-me dos dias mais sombrios, em que parece haver uma luta pela sobrevivência. Quem sobrevive a esta luta, que surge sem avisar?
Retiro-me. Para aquele mesmo local de há anos, embora fisicamente mais rico em sorrisos. Deixo anoitecer e não temo a escuridão, que está já dentro de mim. Abriu-se uma vez mais a caixa de pandora.
E espero sentir frio, dor, até que as lágrimas nasçam em mim, e eu me puna por não poder fazer nada que vire o jogo. Quero alimentar esta raiva e partir o mundo em pedaços.
E depois surge um vento, que encobre por momentos esta dor. Até à próxima.

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