segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Quebraste(-me)

Embrulho-me numa manta velha enquanto oiço o vento abanar a janela, tentando entrar...
Gostava de a abrir e de lhe fazer frente, mas provavelmente seria levada para longe, arrastada, e, de olhos fechados, deixar-me levar, desistir de tentar resistir a uma força poderosa como ele.
É isso que acontece quando tentamos resistir a uma força maior que nós. Somos atropelados por ela, somos levados com ela para o meio da tempestade. Não importa resistir, nunca será possível aguentar muito tempo. É preciso deixa-la passar por nós, arrasar-nos, despojar-nos do calor do corpo, deixar a nossa pele branca, os olhos rasgados com lágrimas dolorosas, e o corpo pisado e magoado. É preciso deixar uma ferida abrir e o nosso sangue criar uma poça aos nossos pés.
Custa muitas lágrimas quando uma rajada mais forte passa pelo meio de nós e nos quebra algo. A dor permanecerá na reconstrução, e não se sabe o tempo que durará a curar.

Sem comentários:

Enviar um comentário