segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Prenúncio

A minha alma enverga o vermelho, e o meu coração o preto. 
Talvez não haja razão para toda esta intensidade. 
Mas este preto simboliza a dor. A dor de ter perdido algo que nunca cheguei a ter. A dor preenche, fulminante. Queria poder apaga-la, tal como queria evitar que o sangue escorresse da ferida aberta.  
Mas é difícil. O sangue não parece querer estancar e a dor não abranda. 
As luzes vão apagando na cidade, uma a uma, até ficar completamente escuro. Parece que todo o mundo foi embora. E deixaram-me. Deixaram-me com esta ferida, e encharcada em sangue. Deixaram-me para trás, porque ninguém me saberia curar, e a escuridão era já demasiada para se poderem aproximar. 
Ainda caminhei, deixando grandes poças de sangue atrás de mim e um cheiro nauseabundo. Mas apesar do prenúncio a morte, o meu coração continua a bater.

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