domingo, 8 de novembro de 2015

Há tempos que passam.

Há um tempo de abandono. 

Abandono do sol e do calor. Abandono da casa que nos conforta. Abandono das ruas conhecidas. Abandono do toque das peles. Abandono das trocas de olhares. Abandono dos risos ecoando em salas cheias de vida.

Há um tempo de entrega.

Entrega à dor de uma alma só. Entrega às lágrimas contidas naquele nó na garganta, que não se quer desatar. Entrega ao silêncio que aumenta o volume das vozes na nossa cabeça. Entrega ao cansaço e ao sono.

Há um tempo de aceitação.

Aceitação dos dias cinzentos. Aceitação da noite, e da ausência de luz. Aceitação do frio, do tremor. Aceitação da desmotivação que nos faz arrastar os pés sem vontade de seguir em frente. Aceitação das falhas. Aceitação de um mundo fechado... de um mundo injusto... de um mundo imperfeito.
Aceitação da tristeza.

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