sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Paz de espírito

Ela senta-se na poltrona grande. Estica as pernas por cima da mesa de centro, que estava tão imaculadamente arrumada. Encosta-se para trás enquanto ouve música clássica. Os olhos fecham-se voluntariamente e parece existir só ela e a música. Ela dilui-se e tudo o que é ou não é deixa de ser relevante, tudo é música naquele instante. Ela própria é música, ela própria vibra como as cordas dos violinos, os dedos imitam os movimentos do toque do piano nos braços da poltrona, o batimento do seu coração compassa ao ritmo do que ouve. Tudo é fluido, nem se apercebe que com um simples toque, suave, empurrou a jarra para o chão.
Recorda o dia. A sensação da areia nos pés enquanto caminha, o sol beijando a sua pele e o vento acariciando as suas costas. Enrosca-se um pouco mais na poltrona enquanto pensa no reflexo do sol nas águas, enquanto revive o sentimento de envolvência da água em torno do seu corpo como se de um velho amante se tratasse.
É tudo tão apaixonante.

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