terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um Natal feliz

Há Natais tristes,
Há Natais em que choro, à noite, no escuro.
Este não é um desses Natais.
Este é um Natal feliz, pois é o primeiro de muitos em que te tenho a meu lado, dono do meu coração.
este Natal, só peço continuar a merecer todo o amor que me dás, todo o carinho com que me enches, todas as surpresas que apesar de pequenas para mim valem tudo.
Porque tu, fizeste-me ter esperança na felicidade.
Contigo, tenho Natal todos os dias.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Pequeno pensamento sobre ti.

Só te amo.
Só, porque amar é pouco.
Amar é pouco junto de ti, que tornas a minha vida um mar de felicidade, um oceano de oportunidades, esperança, verdadeira vida. Um céu de experiências, com final feliz.
Amar-te é pouco quando sei que retribuis este amor e vais mais além.
És a minha felicidade, és o meu motivo para sorrir, és tu quem faz a minha vida ter um sentido neste presente tão incerto.
Tudo o que faço por ti me parece pequeno face à grandiosidade deste amor que nos une.
Por minha vontade, viveria nos teus braços.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Amar. Escrever.

Escrevem-se cartas de amor.
Que as levará o vento.
Cheiram a alfazema.
E foram escritas em tinta permanente.
Não houve sangue derramado.
Mas as palavras vieram directamente do coração. A mão fluía e no cérebro não seguia nenhum pensamento, além da leitura da bela carta, pela mão imparável, que seguia ordens da morada deste amor.
A boca sabia a chocolate, e papéis que outrora haviam embrulhado bombons saborosos amachucados agora se encontravam junto às folhas ainda por escrever.
Coração romântico sempre encontrará palavras para falar de amor, escreverá cartas enquanto esse amor viver, escreverá cartas de alegria, e cartas de tristeza se um dia chorar. Beijará as cartas, deixará lá o toque dos seus lábios como quereria deixar no amado. Deixará lá o seu perfume. A sua essência. A sua alma.
Coração romântico é intenso. Vive a felicidade com cor, com cheiro, com sabor, com risos e danças. Pairam músicas no ar, e as borboletas parecem dançar, mesmo quando surge chuva no verão. Chora e se despedaça, sente dor, uma dor lancinante, e questiona-se se a morte não será mais fácil e menos penosa.
Mas nunca pára de escrever.

Lareira

Já não sei o que é uma lareira,
Nem o cheiro de madeira a queimar.
Não reconheço o crepitar da chama,
Esqueci como me aquecer no seu calor.

Os gritos não passaram.
Talvez só frio fique,
Nada mais que um vazio na noite,
O céu nublado como tecto.

Lá fora não oiço correntes arrastar-se,
Tudo se foi, menos a escuridão.
Talvez a isso se resuma a vida;
Ver partir quem queremos que fique,
Ver ficar quem queremos que parta.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

"É demasiado egoísta querer-te para mim a vida toda?"

Questiono-me sobre o que é suposto fazer quando encontramos o amor da nossa vida.
E é mesmo o amor da minha vida. Tem que ser, se ele não é, não consigo imaginar mais ninguém que possa ser. É complicado explicar algo assim, em que se calhar pouca gente se revê.
Já me deparei com inúmeras pessoas ao longo dos anos que percorro neste mundo, muitos a que chamei de amigos, alguns que realmente o foram. Nenhum houve que encaixasse em mim totalmente, com um sem número de similitudes e algumas diferenças complementares das minhas. Todos sem excepção, tinham algo que faltava, algo que eu não gostava, apesar de não impedir a amizade.
Podiam chamar-me de cega, mas sei que não o estou, e que apesar de não ter a meu lado uma pessoa perfeita, tenho a meu lado a pessoa perfeita para mim. O nosso primeiro encontro não foi perfeito, e houve um conjunto de actos vulgares, uma sedução desprovida de subtileza. Mas algo no olhar deixava no ar uma promessa de que podíamos esperar mais de nós.
Hoje sinto-me completa, verdadeiramente eu.
Hoje vivo com um coração maior, apesar de ele estar sempre no peito daquele a quem o entreguei. Não me faz falta, pois também a minha mente está com ele, revivendo todos os momentos que passamos juntos.
Sinto um conforto nos seus braços, e uma segurança interminável. Não precisava mais nada para ser feliz.
Sei que também não sou perfeita, mas tento compensa-lo da forma como o amor infinito que sinto me permite.
Não acho que dar-lhe o meu coração, um lugar na minha vida, me faça menos eu. Não há outra altura em que eu mostre quem sou tão abertamente e sinceramente como quando estou com ele. Ele faz-me explorar novas perspectivas, faz-me ver o mundo com novos olhos, encontrar novos horizontes. Com ele há esperança, com ele o amor existe e a felicidade eu consigo fechar na minha mão quando entrelaço os seus dedos nos meus.
Hoje, sorrio o tempo todo; Hoje, acredito que o amor verdadeiro é a minha realidade, eu sei-o. Tenho o melhor amigo, o melhor namorado a meu lado.
Tão perfeitos um para o outro.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Os idiotas

Somos uns idiotas. 
Uns idiotas 
que gostam de acreditar no que os faz feliz, 
qualquer coisa.
Somos uns idiotas 
que fecham os olhos mais vezes que os mantêm abertos.
Somos uns tolos 
capazes de abraçar o ar, e beijar o vazio.
Somos uns tolos
que vivem noutro mundo.
Somos uns iludidos...

sábado, 30 de novembro de 2013

O poder das palavras

Desenganam-se aqueles que vivem vidas fáceis. Não somos fáceis, somos complicados. Nada temos de simples. A verdade nem é a minha , nem é a tua, é uma mistura estranha das duas, onde há lados incompatíveis que temos que conciliar.
As palavras já não servem, quando não são ouvidas. São ignóbeis no seu estado confuso e inacessível, são uma mancha de preto incompreendida quando não são escutadas com a necessária atenção. As palavras ajudam a lavar a alma junto com as lágrimas salgadas que queimam a pele ao passar. Às vezes não passam a garganta, porque sabemos que nunca chegarão aos ouvidos de ninguém. Aí temos que aumentar a quantidade de lágrimas, que acaba por nunca cessar.
Quando não temos ninguém que nos oiça e nos ajude a limpar o sujo e o sangue derramado dentro de nós, temos que falar connosco mesmos, mas não há forma de limpar sozinho; a confusão faz-nos falar sobre tudo o que nos deixou naquele estado desfeito, na bola de trapos em que nos enrolamos, e que nos segue em plenos sonhos, que hoje em dia não são mais que pesadelos. Aumentamos o fosso entre nós e os outros. Estamos sós, nessa insignificância, nessa incompreensão, na solidão a que nos habituámos a chamar de casa.
Queríamos palavras quentes e aconchegantes, como uma manta no Inverno; queríamos um abraço de frases, um beijo de palavras, queríamos ternura para combater os pensamentos destruidores dentro de nós. Queríamos algo mais quando nos dão silêncio em resposta às nossas lágrimas sentidas e cheias de mágoa.

Sinto-me só no silêncio, e as vozes na minha cabeça gritam que sou
 "NINGUÉM!"
Tenho algo quebrado dentro de mim, e acho que não há arranjo possível.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Junta-te a mim nesta louca caminhada

Encontrar o amor verdadeiro faz de nós pessoas com sorte, que encontraram a felicidade, e pessoas corajosas que souberam também agarra-la.
O amor verdadeiro é difícil de achar porque é preciso ceder perante adversidades, é preciso esquecer-nos um pouco de quem somos individualmente e construir uma identidade colectiva. 
Não é deixar de sermos quem somos. 
É melhorar-nos a nós mesmos, é podemos ser duas pessoas, com o dobro dos defeitos, mas também com o dobro das qualidades. Potencializamos o melhor de nós dois. 
Sou eu para ti e tu para mim. Somos dois corações que não precisam mais sentir-se sozinhos, e que podem enfrentar o mundo de mãos dadas .

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Tardes de Outono

É bom passear contigo nas tardes de Outono.
O rio brilha com as luzes da cidade à medida que o sol vai descendo no horizonte. Os meus olhos também brilham reflectidos nos teus. Por momentos parece que o mundo decidiu deixar-nos sós.
O mesmo rio que nos juntou vê-nos agora mais cúmplices que nunca, e sabe que um dia juntou as pessoas certas. Este rio que leva as lágrimas de inúmeros corações partidos também as minhas um dia levou, e não me deixou mal trazendo-me um coração novo e verdadeiro para qual me dedicar.
Não imaginava poderem haver duas pessoas tão perfeitas uma para a outra como nós somos.
O frio parece desaparecer quando aqueço a minha mão gelada na tua e me aconchego nos teus braços. A rua ganha cor e movimento, a música preenche o vazio que o frio deixa, e juntos sentimo-nos poderosos, não fosse o amor o maior poder do mundo.
A teu lado não existe vazio, não existe solidão, não existe tristeza. A teu lado tudo parece bom, a teu lado gosto de mim, a teu lado gosto do sol e gosto da chuva, do calor e do frio, a teu lado só sorrio. E quando choro, é o amor que não cabe em mim e me sai pelos olhos em forma de lágrimas.
És a melhor pessoa que entrou na minha vida e não te quero deixar sair.

Opções

É difícil dedicar toda a nossa vida a alguém, sem garantias que um dia não terá tudo sido em vão.
Um dia deixa de ter 24 horas, e passa a ter metade. Passo horas viajando entre prioridades e o sono é sempre o ultimo delas todas. Gostava que as semanas aumentassem de tamanho, e a minha independência crescesse exponencialmente. Penso a minha vida como um rio de leito largo que se vai estreitando.
Um dia, tudo terá passado, o tempo da alegria, das festas, da amizade e do amor. Um dia, virarei a cara ao presente para ver o passado e ficarei desanimada com as oportunidades que deixei escapar. É uma vida ocupada, e tão pequena.
Passo tantos tempos mortos, que gostava de poder eliminar, mas que sou obrigada a tolerar.
Tive que ceder, tive que colocar em suspenso pessoas na minha vida. Tive que criar um intervalo sem fim especifico. Tive que adiar parte de mim para que outra possa crescer saudável.
É difícil viver com grades nas janelas.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Chocolate em jeito de ser

O chocolate deveria ser a cura de todos os males. O chocolate cheira a conforto, e é tão doce como a companhia mais meiga. Tem um sabor macio a paz, é um bocado de paraíso. 
O chocolate preenche cada vazio dentro de nós, cola um coração partido, faz sorrir a pessoa mais triste. 
Só tem alguns defeitos, deveria ser comido sem nunca enjoar, deveria não engordar e deveria definitivamente nunca acabar. Deveria ficar connosco quanto tempo nós quiséssemos, e nunca nos desiludir.
Poderia ser o meu melhor amigo.

domingo, 10 de novembro de 2013

Caminhar à beira mar

Permite-me dar-te a mão enquanto caminhamos lado a lado. Dás-me um apoio, para ti desconhecido. 
O calor da tua mão enquanto seguimos o mesmo caminho permite-me ter a certeza que permaneces a meu lado e de que és real.
Penso-te um sonho muitas vezes. Mas se fores, quero sonhar-te o resto da vida. Não sabia que a realidade podia ter um sabor tão doce e tão intenso. A minha sabe a chocolate com morangos e cheira como o mar numa manhã de Verão. Caminhar contigo é como caminhar na praia, descalça sentir a areia húmida nos pés, e os beijos das ondas calmas de quando em vez.
É assim como uma paz sem explicação, muito amor, e um só coração para nós dois.
É como uma vida sem inicio nem fim. Só um interminável caminho de felicidade.

És a minha felicidade


O mundo é um local misterioso. As coisas acontecem à velocidade da luz, num segundo mil pensamentos nos passam na cabeça. Num segundo podemos interessar-nos por alguém. Numa semana podemos apaixonar-nos. Em alguns meses podemos descobrir o que é o amor. Em pouco tempo podemos esquecer-nos que um dia fomos tristes. Podemos transbordar de felicidade e querer partilha-la com todo o mundo. Esquecemos o passado e não conseguimos imaginar um futuro diferente. Nem queremos. Queremos que o tempo pare. Queremos uma felicidade que dure, que seja eterna. Queremos conhecer o amor como sendo isto mesmo que vivemos. Queremos manter a crença que só existe um amor. Só existe uma pessoa que amaremos para sempre. Queremos ter uma certeza neste mundo tão incerto. Queremos viver dia-a-dia nessa certeza, queremos poder dizer e sentir "Sou feliz", "Sou feliz contigo, preenches o meu coração, e os teus braços são o local mais seguro do mundo".
Eu sou tão feliz.

sábado, 9 de novembro de 2013

6 meses e um Amor

Apesar de saber que não tenho que o fazer é me impossível não te agradecer pelos magníficos 6 meses que me proporcionaste. Foram até hoje 6 meses na melhor companhia do mundo, a tua, e que me levaram a esquecer um passado de tristezas e a confiar no futuro. Deixei um passado de solidão e tristeza e embarquei numa aventura indescritível só comparada aos maiores romances escritos.  Talvez um dia escreva o nosso romance, mesmo que este não tenha um final feliz. Seria um romance sobre amor, respeito, comunicação, companheirismo, amizade. Só não saberia que nome lhe dar, quando o meu coração não sabe outro nome além do teu.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Estar contigo é estar em casa...

Acordar sem ti a meu lado é como ser uma criança a quem tiraram um doce.
Estar contigo é estar em casa, seja em que sitio for, desde que me continues a sorrir. Vivo no teu sorriso - já nada sou sem essa tua vivacidade, nem nunca seria alguém como sou hoje. Graças a ti, aprendi novas palavras que não têm definição e novos gestos que não têm nomes.

A minha cabeça chama por ti;
O meu coração não bate por mais ninguém, ele por mim nunca bateu...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Os sonhos e o mundo irreal

As palavras já escapam, já se misturam no meio dos sentimentos.
Sinto repetir-me, no fluxo constante de amor, paixão, excitação, medo e ciúme. Quase me perco em mim mesma, sentindo-me em caminhos desconhecidos, que percorro pela primeira vez.
O medo vem daí também. Reconheço-me pessoa com novas metas, assustadoras e delicadas.
Permitir-me acreditar em coisas que nunca acreditei é quebrar barreiras que construí muito antes de ser quem sou hoje. Proteger-me faz parte do meu âmago. automaticamente levantei barreiras, construí muros, tornei-me racional e imparcial. Tornei-me a justiceira da razão em público, e, só em privado, comigo mesma, me permitia sonhar com o que considerava impossível. Hoje já não me deito na cama horas a sonhar acordada, hoje vivo o sonho que um dia não imaginei porque nunca quis chegar tão longe.
Quando lidamos com o sofrimento todos os dias aprendemos a queimar o coração, a deixar que o sangue estagne e nos percamos no tempo, sem pertencer ao ontem, ao hoje ou ao amanhã. Aprendemos a esperar facadas nas costas, murmúrios escondidos que nos difamam, chapadas brutais que nos cegam os sentidos, compreendemos o mundo como um local sujo, amargurado, desprovido de cores vivas.
No momento que o coração começa a bater e o mundo a ganhar cor, sentimos que foge de nós a realidade, que entramos num mundo alternativo e inexistente. Sentimos que será fugaz como os sonhos que um dia não conseguimos agarrar por mais que uma noite.

domingo, 27 de outubro de 2013

Mimos-Extra quando estás doente

27.Outubro.2013
  • Amo-te perdidamente
    É difícil não admirar a pessoa que és. Não vou dizer que não tens os teus defeitos,(...) Mas não é só de qualidades que as pessoas perfeitas são feitas. Comecei por gostar aos poucos de ti, conhecendo só as tuas qualidades. Pensei que não duraríamos muito tempo, sou sincera, por me pareceres alguém independente que não se queria apegar a ninguém. pensei que de ti não veria amostras de romantismo e carinho, mas comecei de inicio logo por aceitar "defeitos" que não tinhas. Surpreendeste-me positivamente (...), como posso agradecer-te por tanto que fizeste?Com o passar do tempo fui me sentindo cada vez mais importante para ti. E fui também me sentindo cada vez mais segura e apoiada. És um amigo que todos desejariam ter. (...) a verdade é que és a primeira pessoa em que vejo o esforço real de tentar compreender o meu lado e os meus sentimentos,de aceita-los, de perceber que aquilo que sinto não é a verdade absoluta, é apenas o que sinto, seja verdade ou não, e de, com tanta paciência, me repetires vezes sem conta que os meus medos são infundados, que não razoes para sentir o que sinto em algumas ocasiões. é por isso também que desvalorizo tanto os momentos em que fico triste contigo - esses momentos são uma parte tão insignificante destes meses que passámos juntos, destes meses em que fizeste tanto por mim, em que me fizeste rir, me limpaste as lágrimas, me abraçaste, me aconchegaste, me fizeste tão feliz! Aquilo que mais desejo é fazer-te tão feliz como nunca alguma vez imaginaste ser possível. Quero que sintas que tens uma pessoa a teu lado para tudo o que precisares, que não haverá uma queda que dês que eu não esteja a teu lado para te levantar, e cuidar das feridas que faças. Quero que sintas que não passarás um dia sozinho, mesmo que eu não esteja à tua beira. Quero que saibas que a minha amizade para ti é eterna.

    26.Outubro.2013"Para sempre" é das expressões mais assustadoras que se pode pronunciar. Não temos poder sobre o futuro, nem adivinhamos o que nos vai acontecer. Por isso, poderás não me ouvir dizer que quero ficar contigo para sempre. Ouviste-me dizer-te que gostaria de te amar para sempre, que nunca ninguém aparecesse e me roubasse o coração, como tu fizeste. Fui sincera. Por mim, juraria a pés juntos que ficaria contigo para sempre se mo permitisses, mas, dir-te-ei apenas que nunca fui tão feliz como sou contigo, e que quero ser feliz assim para sempre.


    25.Outubro.2013
    Como és lindo e eu amo-te mais que tudo, vou aqui dizer-te que nunca fui tão feliz como desde que te conheço. (...) obrigada por da tua maneira compreensiva me fazeres crescer. Contigo sou uma pessoa melhor.
    Vou retribuir todo esse carinho fazendo por ti tudo aquilo que esteja ao meu alcance .
    Obrigada.
    Amo-te sinceramente.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Coragem

Muitas vezes sou frágil e quebro. Quebro nas lágrimas que choro, nas náuseas que me tiram a fome, no aperto que me fecha a garganta e me custa respirar. Sou frágil nos momentos de pânico que me fazem querer gritar, sou frágil nos momentos de doçura que me fazem silenciar. 
Ainda sonho com a felicidade e ainda me acredito longe de a alcançar. Para mim alcançar a felicidade não é ter um vislumbre dela a cada virar da esquina enquanto corro para a apanhar; é sim toca-la, acaricia-la, é deixar o medo ir embora porque ganhei nova companhia.
Mas compenso essa fraqueza quando enfrento as gotas grossas da chuva e as deixo lavar-me a cara e encharcar-me até gelarem os ossos.
Sou forte quando  enfrento o silêncio e o tento apreciar. Sou forte também quando calo a dor que fica presa na garganta, embora se espalhe pelo meu corpo e me magoe. Sou forte quando enfrento o futuro, sem nunca desistir de mim. Sou forte quando aceito o passado, e aprendo com ele. Sou forte quando admito os meus erros e peço perdão. Sou forte quando perdoo quem me magoou mais que um dia imaginei ser possível. Sou forte quando ignoro defeitos e valorizo qualidades. Sou forte quando confio cegamente. 
Sou forte quando amo alguém mais que a mim própria.

Quebraste(-me)

Embrulho-me numa manta velha enquanto oiço o vento abanar a janela, tentando entrar...
Gostava de a abrir e de lhe fazer frente, mas provavelmente seria levada para longe, arrastada, e, de olhos fechados, deixar-me levar, desistir de tentar resistir a uma força poderosa como ele.
É isso que acontece quando tentamos resistir a uma força maior que nós. Somos atropelados por ela, somos levados com ela para o meio da tempestade. Não importa resistir, nunca será possível aguentar muito tempo. É preciso deixa-la passar por nós, arrasar-nos, despojar-nos do calor do corpo, deixar a nossa pele branca, os olhos rasgados com lágrimas dolorosas, e o corpo pisado e magoado. É preciso deixar uma ferida abrir e o nosso sangue criar uma poça aos nossos pés.
Custa muitas lágrimas quando uma rajada mais forte passa pelo meio de nós e nos quebra algo. A dor permanecerá na reconstrução, e não se sabe o tempo que durará a curar.

Declaração x1000

Ver a tua face iluminada na escuridão emociona-me, pois posso afirmar seres a minha luz.
Eu acredito nas declarações de amor, apesar de saber que nunca declaramos tudo, pois as palavras não alcançam a profundidade que o amor verdadeiro alcança.
Eu faço muitas declarações de amor, até num simples toque meu podes sentir o meu amor, ou ver nos meus olhos brilhantes quando te olham, e te vêem como um todo, como és, com todas as qualidades e com todos os teus defeitos e continuam a achar que és perfeito.
Cedo ou tarde sei que corres para mim e me alcanças para eu nunca ficar sozinha. Sei que não estou sozinha, sei que a tua presença é constante na minha vida, no meu pensamento, no meu coração. Fazes parte de mim, o meu coração tem o teu nome e a minha alma um pouco de ti.
Aconteça o que acontecer, seja a minha vida um inferno de dor, um fogo que me consuma, me enfraqueça, me sugue a vida, mas quero amar-te para sempre, quero eternamente pertencer-te. Eu sei que o que sinto é verdadeiro. Espero já ter conseguido transmitir-te isso.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Corvos

São negros como o carvão. De olhos aguçados procura as próximas presas. Sempre atentos ao menor movimento, captando todo o seu redor. O ambiente está escurecido e a luz do dia mal se vê. Talvez uma tempestade se encaminhe.
O único som que se ouve são os seus pios. As árvores, essas, estão quietas, como esperando um acontecimento para acordarem.
O ar está estranhamente quente, como o leito de um enfermo, como uma febre que não passa.
A profecia talvez esteja certa e o mundo esteja prestes a acabar. Que fatalidade provocará tal destino?
Não passam mais de duas horas até que as primeiras  respirações comecem a falhar, os corações comecem a parar, os corpos comecem a cair. Os baques são surdos e as vozes perdem-se na garganta antes do grito nascer. Não há quem as levante agora da queda infinita que começaram. Morrer não é o fim. Cai-se mais, através do tempo e do espaço, uma dor que não termina, que não acalma, que não se esgota.
Consome-se o fogo em si e renasce, recria-se, revive.
Os corvos voam em volta dos corpos apodrecidos e incompletos, picam-nos, comem-nos, devoram-nos.
O mundo é um amontoado de corpos em deterioração, decompostos como lixo, é o banquete dos corvos.

domingo, 13 de outubro de 2013

Uma rua singular

A rua está deserta.
A noite escurece a fachada das casas.
Os candeeiros há muito se fundiram e nunca ninguém os veio substituir. Se é esquecimento ou propositado não se sabe dizer. Talvez faça falta alguém que não cale a voz e insista na reparação. Mas as gentes desta rua não parecem importar-se.
Muitas casas estão vazias e parecem abandonadas. Umas sem telhados, outras sem janelas. Mas têm portas que se aguentaram na ruína e batem em noites de ventania, muitas vezes confundindo-se com trovões em noites de tempestade.
Quem passa perto desta rua diz ouvir sons que se parecem com gritos abafados ou distorcidos. É um som que arrepia a pele e aperta o coração. Espalhou-se o rumor de que eram casas assombradas.
Uma jovem percorre essa rua todos os dias, até à última casa. Percorre sempre essa rua sozinha, e já sabe de cor o caminho, de modo a saber como o percorrer na escuridão.
Não lhe custou a solidão, e agradeceu o silêncio que se faz a maior parte dos dias e das noites.
Vê também um beneficio na escuridão quando se senta à janela fazendo festas ao gato vadio que um dia adoptou depois deste lhe aparecer em casa e lhe roubar metade do almoço. O melhor momento do dia é quando bebe o seu café e conta as estrelas.

Inverno

Olha de frente. Vê como a luz lhe bate e lhe esconde as imperfeições. Parece lisa a sua pele. Parece ter um brilho próprio. Parece macia, sedosa, como pele de bebé. Parece direita, parece certa, é a perfeição. 
Olha-lhe a sombra. Vê como é torta, rugosa, cheia de espinhos. Não é esbelta, nem bela.
É isso mesmo, uma sombra. Ela é a sombra, que se esconde no escuro. Ela é real na escuridão. Ela é negra de alma, é feia, é triste, é só. Na verdade ela é o nada, que se estende em pleno oceano para se afogar, que se deixa engolir pelas noites sem estrelas e sem luar. É ela que espera a morte chegar no silêncio. A morte é a sua amante mais querida.
Ela é o oposto dos heróis. O sue inimigo. Ela odeia os heróis, seres imundos de boas vontades, seres repugnantes que querem salvar o mundo. Nem todos podem ser salvos. Ninguém a salvou de si própria.
É bom ser amiga da noite e do frio. Ela caminha no silêncio e enfrenta o vento gélido que lhe acaricia a pele. Ela não teme a dor que lhe trespassa a alma, porque a alma é um buraco negro que lhe vai sugando a vida. Na sua mente o vazio é ensurdecedor.
Mas ela continua a caminhar de olhos baços, sem destino. É assim que ela gosta de estar, em movimento, sem nunca chegar a nenhum lugar.
Ela mistura-se com a noite e é tão gélida como a neve. Nela só existe Inverno. O tempo pára e o mundo parece abandonado. Ela respira lentamente, é um esforço que já não compensa.
Se tocasse o Sol certamente o gelaria.

sábado, 12 de outubro de 2013

O único companheiro de viagem

Nunca pensei dizer isto sobre alguém, mas só te quero a ti.
Nenhuma vida é feliz quando percorres caminhos sozinho, sem alguém com quem partilhar  a beleza das paisagens, a aragem fresca num dia de calor, a vista das borboletas coloridas e esvoaçantes, o odor silvestre a pinheiros, a eucaliptos, a erva, a flores, que perfumes! Nenhum caminho é brilhante, precisamos de alguém a nosso lado que nos dê a mão durante as noites sem luar, que nos segure quando tropeçamos, que nos levante quando caímos, que nos ajude a escolher o caminho certo a seguir.
É a ti que quero acompanhar. Não quero mais ninguém responsável pela tua felicidade. Desculpa-me, mas não confio em mais ninguém para algo tão importante.
Quando ao teu lado não procuro o tesouro no fim do arco-íris porque já o encontrei. Para mim isso basta-me como razão suficiente para não pertencer a mais ninguém.
Talvez não seja justo para ti seres o meu único "objecto" de desejo, de afecto, de amor, mas mesmo que eu quisesse seria impossível alterar o que sinto.
Amar não tem nada a ver com padrões de beleza, nem de inteligência, nem de características apontadas num bloco de notas que precisam ser satisfeitas como pré-requisitos. Amar é descobrir aos poucos aquilo que gostamos e aquilo que procurávamos sem nunca saber. É uma aventura, um mistério. É voltar a ser uma criança sem preocupações. O coração é purificado quando se ama, torna-se inocente e livre de ódio, de mentiras, de omissões.
Amar é tornar-se livre do tempo! O tempo desfaz-se em nada quando o nosso pensamento segue a pessoa um dia inteiro. O tempo descontrola-se porque, quando um com o outro, o tempo demora a passar, dá para fazer tanta coisa, do mesmo modo que passa muito rápido e nada se fez.
Permite-me fazer-te o homem mais feliz do mundo, e eu prometo que o faço.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Acordar nos teus braços

Acordei a meio da noite e lá estavas tu a meu lado. Aconchegaste-me nos teus braços e continuaste a dormir serenamente. 
Foi como se nunca antes tivesse acordado sozinha; Olhei-te e tentei recordar a minha vida anterior a ti - uma tristeza indefinida, difusa, que tantas vezes me assaltou, nada mais.
Trazes-me calma, trazes-me paz. Não sei que truque utilizas, mas fazes-lo bem. é bom sentir que alguém se preocupa, que não ficamos sozinhos quando os dias correrem mal. Perguntei-te se me protegerias de tudo, e disseste que sim - vou acreditar em ti, porque sei que não me mentirias.
Nunca me largues a mão, leva-me pelos caminhos que percorreres. Sabe que sempre retribuirei o apoio que me dás. Também nunca estarás sozinho.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

um fim anterior

Como seria o mundo em que eu não existisse?
Quem ocuparia esta casa? Estaria ela vazia?
Onde estariam as pessoas que conheço? Como seria a vida delas afectada pela minha ausência? Que caminhos seguiriam? Seriam mais felizes? Certamente algumas teriam essa hipótese, que não tiveram.
Seria este um mundo melhor sem mim? Será que decidiu o destino rir-se permitindo a minha existência?

Viver
Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada? 
E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?  
Isso, ou menos que isso
uma noção de porta,
o projecto de abri-la
sem haver outro lado?  
O projecto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa? 
Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança? 
Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'  

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O conto da menina triste

Era uma pobre rapariga. Ela dava passos pesados, carregando todo o seu peso, mais o peso das suas vozes e de um mundo desconhecido. Arrastava-se na rua, as pessoas passavam por ela leves e não pareciam reparar. Também ela não reparava nessas pessoas, pois os seus olhos não deixavam o chão. Quando começava a chover, automaticamente levava as costas da mão ao seu rosto, sem saber se eram lágrimas que ela via cair entre os seus passos. Na verdade, ela não se importava muito. Puxava um lenço do bolso caso fungasse e resolvia o problema. Ao chegar a casa fechava a porta devagar sem fazer um único ruído. Seguia silenciosa para o quarto na companhia das suas vozes, que tinham recomeçado o diálogo, por vezes monólogo. Ela pensava em respostas, mas nunca as proferia. Começava por fechar portas na sua mente, tapava os ouvidos com as mãos, mas as vozes não paravam. Chegavam sempre a ela. Ela então ligava a aparelhagem no máximo, na esperança de silenciar as vozes, de as abafar pelo menos. Mas elas falavam sempre mais alto.
E dentro dela, sem saber, nascia algo, que nunca seria possível perceber se uma profunda tristeza, se um profundo ódio. Fosse qual fosse, ela nunca recuperaria. 

sábado, 5 de outubro de 2013

"The Great Fires", Jack Gilbert

"Love is apart from all things.
Desire and excitement are nothing beside it.
It is not the body that finds love.
What leads us there is the body.
What is not love provokes it.
What is not love quenches it.
Love lays hold of everything we know.
The passions which are called love
also change everything to a newness
at first. Passion is clearly the path
but does not bring us to love.
It opens the castle of our spirit
so that we might find the love which is
a mystery hidden there.
Love is one of many great fires.
Passion is a fire made of many woods,
each of which gives off its special odor
so we can know the many kinds
that are not love. Passion is the paper
and twigs that kindle the flames
but cannot sustain them. Desire perishes
because it tries to be love.
Love is eaten away by appetite.
Love does not last, but it is different
from the passions that do not last.
Love lasts by not lasting.
Isaiah said each man walks in his own fire
for his sins. Love allows us to walk
in the sweet music of our particular heart.

Charlatães do Amor

Hoje em dia amar é pouco mais que vender promessas baratas.
São tão comuns. Tão disseminadas nesta imensidão de rostos anónimos. Cada um já terá ouvido dessas promessas de um amor (in)capaz.
Acredito que só quem tenha sofrido nas mãos desse charlatanismo saiba do que falo. Os charlatães? Não admitem a existência deste "amor" tão falso . Escondem-se atrás do "amor é passageiro". Mas não explicam como amam hoje esta e amanhã outra pessoa, como, sem ainda bem a conhecerem, já prometem "para sempre's".
Admito a existência de pessoas que precisam de algumas horas para saberem o que querem, para saber o que sentem, mas isso não acontece três vezes por semana. Esses são os que nunca sabem o que querem, mas gostam de se fingir conhecedores dos sentimentos. E o que fazem? Quebram corações com simples "Não dá mais",  "Afinal não era o que eu queria", "O problema não és tu, sou eu", "Conheci outra pessoa". Como aceitar isto no fim de mil promessas, que nunca foram nem serão concretizadas? Quem repara o sentimento de vazio, de engano, de traição, que permanece numa pessoa enganada? Não permanece apenas o tempo que tiveram juntos, não desaparece ao fim dumas horas, duma semana ou duas. Fica a marcar território. Porque doeu. Dói acreditar em mentiras.
Os charlatães precisam de sofrer do mesmo mal, precisam de acreditar em mentiras que eles próprios contam, precisam que doa. Talvez aí, sejam como eu, e não voltem a fazer promessas vazias.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Amo-te assim

É o amor verdadeiro que se deseja. O amor puro, sem constrangimentos. O amor dos tempos idos, que levou à morte de Romeu e Julieta. Aquele amor que nos faz viver, ou morrer, conforme os dias.
O amor que nos faz arriscar, que nos faz cometer loucuras, que nos faz agir sem pensar. Aquele que leva a um beijo fogoso em público como se ninguém estivesse a olhar. Aquele que leva uma pessoa a ser romântica, quando nunca antes fora.
Aquele que nos faz puxar os nossos próprios cabelos. Aquele que nos agonia quando nos imaginamos sem ele. Aquele que nos esmaga, que nos dilacera, que nos desfaz em pedaços nos ciúmes doentios.
O amor puro é o melhor. Exige tudo de nós, tira-nos tudo, deixa-nos sem nada nosso. É arrasador. Passa por nós como um furacão, e deixa uma tempestade atrás. Não podemos dizer que não notamos a sua presença quando passa. Nós arrancamos o nosso coração do peito, para ele nunca mais voltar igual.
Nós da-mo-nos para esse amor. Ele que nos arranque a alma. Mas que nos faça viver no limite. No limite entre a felicidade e a dor. Na corda bamba entre o ser e o não ser. Só somos quando amamos. Amar é existir. Amar é sentir o coração nas mãos a derramar sangue enquanto bate desalmadamente, sem parar. Amar é nunca parar, é respirar o ar fresco da manhã como se nos inundássemos de vida, e cair no escuro da noite sabendo sempre onde pertencemos.
Amamos e queremos tudo. Mas queremos dar muito mais que tudo.
O amor puro é intenso, e é tão bom de sentir.

"Bluebird", Charles Bukowski

"there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pour whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?"

Um dia de Sol

Existe uma calma tão grande neste lugar. O céu abriu para deixar passar o sol, que aquece o tempo depois da semana de chuva.
Ouvem-se pássaros e uma fonte corre algures aqui perto. Parece que tudo está bem e no seu devido lugar. Que não é preciso questionar nada, nem nos importarmos com nada. Afinal, só temos aquilo que merecemos. E eu mereço tudo isto. Hoje sinto-me bem comigo. Hoje consigo valorizar-me, como deveria fazer todos os dias. Sou realmente boa como pessoa. Poucos são aqueles que tem queixas contra mim.
Não me deveria isso significar algo?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Porquê a Solidão?

Sempre quis a minha independência. Sempre achei que é sozinha que hei de viver. contar comigo, só comigo. Lidar com as minhas metas, os meus alcances, as minhas perdas. Sozinha.
É triste ser só. Não me impeço de chorar perante este meu ideal de vida, que nada tem de ideal. Mas tento  controlar-me pensando que é o melhor para mim. Nova crise de choro em seguida.
É difícil ser feliz nestes termos, e é difícil ser feliz com este "ideal".
É como questionar toda a felicidade que nos é provocada por outros. É procurar por sinais de que essa felicidade está a terminar.
É antecipar a solidão. É o medo da solidão que eu tenho. Toda a vida vivi por mim esperando um futuro melhor. Mas quando o tenho ele  treme-me nas mãos, é frágil, vai cair e partir-se.
Se volto a ficar sozinha que será de mim?
Será que realmente quero viver a minha vida inteira fugindo do medo de perder alguém? Viver só com medo do processo de solidão?
Atrevo-me a questionar, devo eu fingir-me de morta pelo medo de morrer?
Levo um tempo a perceber-me, a saber de mim.
Mas enquanto discorro sobre os meus pensamentos descubro-me e entendo melhor os meus medos.
Muitos dias posso afirmar não gostar  de quem sou. Acho que me deixo levar demasiado pelos meus medos. Acho que me deixo guiar por eles. Ser atropelada por eles, esmagada, dominada, paralisada.
Quando estou confiante basta uma coisa para deitar tudo por terra. É difícil ser assim. E a maior parte das vezes atrás dum "Está tudo bem" está uma luta no meu interior pelo poder da minha mente.
Acho que quando nos magoam passamos a tomar isso por certo a vida inteira. Falo por mim, que é assim que me sinto. Parece que existe sempre alguém melhor a querer ocupar o nosso lugar e a ter total desconsideração por outro ser humano. eu não sou assim. Se rá que deveria ser assim? Será que deveria seguir o modelo dessas pessoas que quase odeio? Que chego a odiar algumas vezes?
E volto à solidão.
Porque me sinto tão só? Tão triste? Tão abandonada? É defeito meu este?
Porquê tanto medo? De onde vem este medo de ser esquecida?

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Amnesia

Não consigo abstrair-me do que sei.
É como um estilhaço escondido no coração, uma bala perdida, arremessada ao acaso e esquecida.
Dói.
Agora apetece-me chorar. Não sei se da garganta dorida, dos olhos pesados, se do meu coração fracassado.
Quero apagar o que sei. Esquecer.
Quero que não doa em mim, nem em sonhos, como nos pesadelos que me têm perseguido.
Seria tão mais fácil adormecer agora num sono sem sonhos e dormir. Só dormir, até haver certezas neste mundo.

Aprecio-te

Nunca antes tinha escrito na tua cama.
Os nossos cheiros misturados,
As nossas almas satisfeitas,
Gosto de te ver dormir descansado, aprecio o teu peito subir e descer a um ritmo lento, e vejo a calma no teu rosto.
É bom ver assim quem amamos. É bom abraçar-te enquanto dormes e tentar atingir os teus sonhos. Será que sonhas comigo como sonho contigo todas as noites? Será que me sentes envolver-te com os meus braços e percebes que te quero agarrar para nunca te deixar escapar?
A tua respiração está compassada com a minha. Estamos ao mesmo ritmo. Somos o mesmo ritmo.
A noite passada conversamos pela madrugada. Adoro saber sobre ti. Quero que te confies a mim e te partilhes comigo.
Quero que comigo sempre te sintas em casa, onde quer que estejamos. Quero que sejas tão feliz como eu sou quando estou contigo.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Segredo

É segredo. Terá que ficar entre nós.
Gosto das cócegas que me fazes, mesmo que implore para parares, aflita de tanto gritar e espernear. Cansa tentar fugir às tuas cócegas, mas é um cansaço dos bons. Os meus risos preenchem o teu quarto enquanto rebolamos na cama; eu a fugir dos teus braços, tu tentando apanhar-me.
Gosto do teu sorriso enquanto me agarras com força para não fugir de ti. Mas é segredo, não contes a ninguém.
Conheces-me tão bem. Vês no meu olhar quando te peço um beijo em silêncio. Decifras nos meus gestos quando quero que me dês a tua mão. E já sabes tão bem como que a Terra gira em redor do Sol, que quando viro minhas costas para ti quero que te encaixes na perfeição e coloques os teus braços ao redor do meu corpo, protegendo-me de todo o mundo. É agradável sentir a tua respiração no meu pescoço enquanto dormimos, e o teu corpo encostado ao meu, sem barreiras, só pele com pele.
Mas xiu, é segredo! Pois tudo me faz apaixonar mais por ti...

"The Poem I Didn’t Write", Raymond Carver

"Here is the poem I was going to write
earlier, but didn’t
because I heard you stirring.
I was thinking again
about that first morning in Zurich.
How we woke up before sunrise.
Disoriented for a minute. But going
out onto the balcony that looked down
over the river, and the old part of the city.
And simply standing there, speechless.
Nude. Watching the sky lighten.
So thrilled and happy. As if
we’d been put there
just at that moment."

sábado, 28 de setembro de 2013

Reflectida

Ela dança louca
Sobre espelhos partidos.
A sua imagem é reflectida 
Em fragmentos,
Que imagem fiel de si mesma!
Parece indiferente aos seus pés
descalços, manchados de sangue.
Dança com um parceiro invisível
E finge um sorriso com os lábios
Que não chega aos olhos
Fechados. Que imaginará ela
para calar a dor?

Os pés choram
E a dor é aguda.
Milhões de cortes, feridas,
Os pedaços penetram bem a pele
Tenra, jovem, A ternura.
Mas está tudo bem.
É preciso. 

O cubo

Carrego um cubo opaco dentro do peito.
Nele escondo as minhas feridas, de olhares indiscretos, de aguçados ouvidos, de atentas e perspicazes pessoas. É um cubo pesado, que torna lentos os meus movimentos, que me faz andar atrás, que me faz parar no caminho para recuperar o fôlego. Dificulta-me a respiração, e torna o ar impuro para o meu corpo. Este meu corpo tudo quer rejeitar, e o estômago encolhe-se no vazio. Ele pede para ficar sozinho no desespero.
O cubo carrega uma vasta onda de escuridão e eu abraço-me para me proteger do ar gelado que de lá sai. Mas como nos protegermos de nós próprios? do nosso interior?
Porque quero carregar sozinha este peso?

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Discurso directo em Amor e Perda

O frio voltou. Não me coloco à janela, que fechei por completo. Perdi interesse no céu estrelado. Perdi interesse no cheiro da noite e no único som vindo dos animais no mais completo silêncio. 
O coração já sofreu tantos remendos, no seu passado, que hoje racha ao menor sinal de agressão.
Hoje, ele desenterra o passado, e com o passado os mesmos medos, a mesma ansiedade, e a esperança? vem tão fraca como fraca ficou outrora, tão baça, tão gasta, tão maltratada.
Como voltar a ensinar um coração a acreditar? Como o fazer depois de ele ter acreditado em mentiras? Depois de ele ter aprendido que o mundo é um lugar desleal? Como fazê-lo ter esperança num mundo finito? Tudo termina um dia.
A frase que me deita ao chão de pedra, duro e frio, gelado na verdade.
O que fazer num mundo em que tudo termina?
O que serei amanhã? Estarei viva amanhã? O que é o amanhã?
É inevitável o choro. Talvez hoje não chore, talvez chore um pouco, só para lavar a alma. Mas um dia, o meu coração quebrará.
O típico sofrimento humano: estar a sofrer quando as coisas estão mal e sofrer com medo que corram mal, quando tudo está bem. Sou uma humana típica, eu suponho.
Tenho um medo que me dilacera a alma.
Alguma vez amaram alguém com todo o vosso coração? Falo a sério. Sentir-se cheio, completo, sentir algo brotar de dentro, seja do coração ou de qualquer outro órgão? Sentir que mais ninguém se chega tão próximo, que mais ninguém te conhece assim, com quem precisas de partilhar tudo porque ele é uma extensão de ti?
Nunca soube o que é o amor, nem me quero arriscar a dizer que sei, mas não estarei próxima quando sinto tudo isto? Quando as saudades apertam após poucas horas de ausência?
No início, não sabendo o que significava o amor, temi tratar-se de "paixão correspondida", de atracção física e sexual. Temi que não durasse mais que uns dias, depois mais que umas semanas... não pensei chegar até onde chegámos. Mas hoje, é tarde para protecções. Hoje estou aqui de corpo, alma, coração, e tudo aquilo que possua, para dar.
Não sou hipócrita dizendo que nada quero em troca. Quero. Eu quero o mesmo amor de volta. Quero não ser a única que prefere dormir abraçada, num dia de extremo calor, a dormir sozinha; Quero não ser a única a procurar a mão para podermos estar sempre unidos. Quero não ser a única a deixar tudo o resto só para poder abraça-lo mais uma vez. Não quero ser a única a dar tudo. Não quero acabar sozinha, num banho de lágrimas, sem nada com que me consolar.
Nunca vi ou senti nada assim. Será que toda a gente se sente assim um dia? Será que toda a gente encontra alguém de quem quer tomar conta, cuidar com todo o carinho, alguém para mimar, alguém para brincar, alguém com quem chorar, mas que nunca nos faça chorar, alguém em quem nos apoiarmos, alguém a quem se entregar totalmente?
Basta um sorriso. Nunca vi ninguém tão bonito. Nunca vi alguém tão brilhante, tão resplandecente. Tão bom coração. Tão meigo, tão carinhoso, tão atento às necessidades dos outros.
Nunca me senti tão bem por ser sincera, por poder mostrar o meu verdadeiro eu, sem me sentir culpada. Nem nunca me senti tão bem por não ser repreendida e sim compreendida. Acho que tinha um medo  aprendido sobre ser "eu", sem omissões, poder mostrar os meus medos, as minhas tristezas. é bom uma vez na vida não ser errado estar triste, e alguém mover o mundo para me fazer feliz.
E é assim, em discurso directo, que ao fim de três páginas as lágrimas me vêm aos olhos por me lembrar que sou uma sortuda, dure o tempo que durar. Aprendi a amar. Todo este tempo tenho tido o que de melhor poderia ter encontrado. E é tão difícil pensar que o poderei perder.

Medo

É como estar doente, duma doença sem nome. É crónica e piora.
Destrói aquilo em que acreditamos, mesmo quando o nosso coração quer acreditar.
A nossa mente começa a construir padrões, e quando surge algo que se parece encaixar... surge o alerta insistente que não nos deixa dormir. É a dúvida que se implanta, mesmo nos locais menos apropriados. 
E quando os padrões não são iguais, nós torna-mo-los semelhantes, criamos na nossa imaginação como se desenhássemos os contornos da realidade. A partir desse momento só existem aspectos negativos, muitos deles inventados, mas que são para nós tão reais e verdadeiros.
É uma doença que nos enjoa e faz vomitar. É uma doença que nos tira a fome, que nos tira as forças, que nos tira as vontades de tudo e de nada.
É como morrer lentamente sobre nosso próprio controlo. É como matar a esperança ao mesmo tempo que a queríamos ter salvo.
É querermos ser o nosso fim, só para morrermos preparados.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

De lírios

E se aprisionasse minha alma
Onde não a pudésseis ver,
ou tocar
E se a soprasse ao vento
Dentro da sua gaiola com asas
e a vísseis desaparecer
no infinito.
Qual melhor fado ela teria?
Que fado teríeis vós também
Que fado grotesco
oriundo de um canto do Inferno
Como Dante anteviu.
Seríeis vós feliz
Sem alma pertencente a vós
Como a minha, fiel.
Mas minha alma não pertence a este plano 
Não mais.
Não, quando se encontra
com vós.
E o meu peito extravasa...
Amor.

sábado, 21 de setembro de 2013

Se's

O que acontecerá se um dia me faltares?
Se um dia eu acordar e de repente seres parte apenas dos meus sonhos?
Se estiveres num outro lugar, que eu não consigo alcançar?
Se um dia um de nós tropeçar, escorregar, virar para o caminho errado, se nos perdemos um do outro?
A quem contarei meus medos? A quem me confiarei, como me confio a ti? Eu sou frágil, e só ao teu toque permaneço intacta. 
Quem me abraçará quando eu tiver medo do escuro? Quem me dará a mão e a apertará discretamente, quando eu estiver a perder as forças? Quem me sussurrará palavras doces, meigas, confiantes quando sentir que o dia está a correr mal? 
Os teus braços confortam-me quando desabo feita rio, num pranto inexplicável. 
Que será de mim, se não me abraçares mais?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nada

Apetece-me arrancar todas as ínfimas partes de mim.
Desmembrar-me.
Sangrar-me.
Fazer dos meus ossos pó.
Espalha-los por diversos lugares, tão distantes quanto inexistentes. Infinitos talvez.

Ser eu, sem mim mesma.
Ser tudo quando não sou nada.
Ser nada, no fim do dia.

domingo, 15 de setembro de 2013

Auto-punição

Ela odiava o mundo. 
Ela odiava não escolher , e odiava ter que escolher. 
Ela partia os vidros arremessando-os contra as paredes cinzentas e enrugadas. Ela gritava numa sala grande e vazia, e ouvia o seu eco em retorno. Quando não gritava ficava só silêncio. Ela gostava do silêncio ao mesmo tempo que o odiava. Ela sentia vontade de se partir aos pedaços, de ver o seu interior, de se poder arranjar, sentia algo estragado dentro de si. 
Ela corria fugindo de tudo. Quando aparecia uma brecha de sol ela corria para a sombra.
Quando caia uma gota de chuva ela sentava-se no chão sujo e deixava-se enregelar até não sentir mais o corpo. Ela auto-punia-se, sem saber porquê. 
E sentia-se tão triste, por não conseguir ser doutra forma.

sábado, 14 de setembro de 2013

Carta de Amor

Os dias estão mais leves.
É como pesar menos que nada e viajar nos teus braços. Sinto-te como o meu lar. Gosto de me encostar a ti e entregar-me ao teu calor, quando nada mais existe neste mundo gelado. 
Gosto de abrir-te o meu coração, sem fachadas, sem mentiras, sem omissões. Gosto de te deixar entrar, e de te pedir para permaneceres. Gosto da forma como me enterneces, como deixas o meu coração tão mole, tão livre para te amar.
Espero que entendas nos meus beijos loucos e esfomeados, e nos mais ternos e apaixonados, o quanto estou grata por tudo o que me dás. O carinho, as palavras verdadeiras, os abraços apertados, o apoio. Obrigada por gostares de mim por quem sou. Obrigada por acompanhares as minhas loucuras. Obrigada ainda mais por secares as minhas lágrimas. Obrigada por seres o melhor amigo, o melhor amante, o melhor companheiro. Amar-te é pouco.

domingo, 8 de setembro de 2013

Coimbra amada

Há uma certa nostalgia no ar. Redes sociais repletas de caloirinhos prontos a começar a faculdade. Felizes porque entraram nas instituições que desejavam, no curso dos seus sonhos. Todos os dias sinto a felicidade de estar no curso que desejo, mas já lá vão três anos, três anos que passaram a correr, e o tempo não parece abrandar.
Há três anos atrás era eu quem corria aos pulos mentalmente, e tinha o coração sobressaltado, por tanto querer vir para Coimbra. Este ano termino a licenciatura. Hoje pertenço tanto aqui, que não me consigo imaginar noutro local, nem a ter outra vida.
Contudo, já vou a meio do meu percurso por cá. É assustador o quanto o tempo passa rápido, por mais que o queiramos segurar. Coimbra é saudade. Coimbra é saudade desde o momento que deixamos de ser caloiros. Coimbra é o constante pensar de que o tempo não pára e que não podemos ficar para sempre. Coimbra é a certeza que a felicidade existe, e a incerteza de se ela durará para sempre.

"Levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra

Capa Negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo Comigo para a vida"

F R A!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Paz de espírito

Ela senta-se na poltrona grande. Estica as pernas por cima da mesa de centro, que estava tão imaculadamente arrumada. Encosta-se para trás enquanto ouve música clássica. Os olhos fecham-se voluntariamente e parece existir só ela e a música. Ela dilui-se e tudo o que é ou não é deixa de ser relevante, tudo é música naquele instante. Ela própria é música, ela própria vibra como as cordas dos violinos, os dedos imitam os movimentos do toque do piano nos braços da poltrona, o batimento do seu coração compassa ao ritmo do que ouve. Tudo é fluido, nem se apercebe que com um simples toque, suave, empurrou a jarra para o chão.
Recorda o dia. A sensação da areia nos pés enquanto caminha, o sol beijando a sua pele e o vento acariciando as suas costas. Enrosca-se um pouco mais na poltrona enquanto pensa no reflexo do sol nas águas, enquanto revive o sentimento de envolvência da água em torno do seu corpo como se de um velho amante se tratasse.
É tudo tão apaixonante.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sou tão tua.

Estar apaixonada por ti é como dançar todos os dias ao sol,
Como deixar o sol penetrar-me a pele, e aquecer-me por completo,
É como haver música no silêncio.
Estar apaixonada por ti é como descobrir todos os cantos do mundo, mesmo que ele não tenha canto nenhum!  é distribuir felicidade com um simples olhar, é ir à lua passear!
Estar apaixonada por ti é como ganhar asas e voar. Estar apaixonada por ti é não me sair o sorriso da cara, nem me sair o calor do coração.
Estar apaixonada por ti é ser tão livre quando sou tão tua.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Maior que um sonho...

Gosto quando me apertas nos teus braços. Já não me consigo imaginar noutro sitio, noutro local, noutro mundo em que não pertenças, em que não me beijes, em que não me sussurres ao ouvido para mais ninguém ouvir. 
Contigo, o pôr-do-sol não parece mais que um simples pôr-do-sol, uma canção romântica não parece mais que uma simples canção qualquer, e as luzes das velas não me fazem apaixonar mais do que apaixonada estou. Ao teu lado tudo parece insignificante, é tudo tão pequeno comparado com o que sinto por ti, com o que me fazes sentir com um simples olhar, com um simples toque, com uma palavra. Fazes-me rir. Oh, como me fazes rir sem parar! Oh, como me enches o coração de sentimentos que nem sei definir! Oh, como gostava de me sentir assim para sempre!
Encheria mil folhas de papel sobre nós se conseguisse desvendar as palavras certas que descrevessem de forma justa o que nos liga de forma tão especial. É tudo isto tão maior que o mundo, tão maior que o universo, brilhamos tão mais que as estrelas! 

domingo, 4 de agosto de 2013

"why don´t we go somewhere only we know"

Os teus braços apertam-me contra ti, e eu descanso a minha cabeça na curva do teu pescoço. Apertas-me tanto que não há espaço nenhum que nos separe. não seria justo algo nos separar quando tão naturalmente pertencemos um ao outro. 
Os teus lábios são doces e macios,  movem-se tão bem contra os meus; Mordes, um arrepio percorre-me e gelo ao mesmo tempo que ardo com febre. As tuas mãos percorrem as minhas costas, conheces cada curva, cada pedaço de pele, e eu fujo com os meus lábios para o teu pescoço, onde me perco durante uns minutos. 
Perde-mo-nos um no outro, embora nos encontremos em cada olhar, e em cada sorriso. 
É fácil sorrir ao lembrar-te, é fácil sentir o fantasma dos teus beijos e dos teus toques mesmo quando já não estás ao meu lado, é fácil ouvir-te murmurar ao meu ouvido o quanto gostas de mim, e é mais fácil ainda dizer-te com o olhar, com a alma e todo o coração, o quanto Sou feliz contigo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Só sabia que gostava de ti.

Foi repentino. Olhei-te e soube que gostava de ti. Não sabia a tua cor preferida, não sabia os teus hobbies, os teus gostos e preferências, não sabia os teus hábitos e rotinas, não sabia que estavas sempre a rir, nem conhecia esse teu lado preocupado em fazer os teus amigos sorrir a toda a hora, nem que eras capaz de gestos românticos tão naturais e sempre no momento certo. Não sabia dessa tua espontaneidade que hoje é das coisas que mais gosto em ti. Nem dessa tua sinceridade sem limites. 
Não sabia que eras tão parecido comigo em tantas coisas. Nem sabia que serias o interruptor para acalmar as minhas preocupações.
Só sabia que gostava de ti, e que nunca poderias ser "só mais um". 
É tudo tão certo. És tão certo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Realidade


Isto não é um conto de fadas.
Não és um príncipe, e eu não sou uma princesa, não preciso de ser salva, nem de um beijo para acordar.
Não há um "viveram felizes para sempre" à nossa espera no fim da história.
Nós vamos construindo a nossa história, todos os dias, com um virar da página, porque haveria de haver um fim?
Os contos de fadas não são reais. O que temos é.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Puro

Não preciso alongar-me.
Procuro palavras para conseguir descrever o que mais de maravilhoso me aconteceu, e só tendo a complicar. Mas é fácil, e tão tão simples. Apaixonei-me. Apaixonei-me por alguém que realmente merece, por alguém que honestamente vale a pena.
Poderia falar sobre o por do sol, ou sobre borboletas no estômago, mas são isso tretas comparado com o sorriso fácil, as gargalhadas infinitas, os abraços apertados, os beijos demorados, os corpos entrelaçados, a amizade tão sincera, verdadeira e profunda, as minhas rabugices, os ciumes inventados dele, 
É quase palpável a ligação que nos une no espaço vazio entre nós. É bom saber que em 2 meses construímos uma base sólida de amizade,  onde a regra é sermos sempre 100% nós mesmos. 
Que poderia desejar eu mais para ser feliz? acho que nada.

domingo, 14 de julho de 2013

“As I Walked Out One Evening"

As I walked out one evening,
Walking down Bristol Street,
The crowds upon the pavement
Were fields of harvest wheat.
And down by the brimming river
I heard a lover sing
Under an arch of the railway:
“Love has no ending.
“I’ll love you, dear, I’ll love you
Till China and Africa meet,
And the river jumps over the mountain
And the salmon sing in the street,
“I’ll love you till the ocean
Is folded and hung up to dry
And the seven stars go squawking
Like geese about the sky.
“The years shall run like rabbits,
For in my arms I hold
The Flower of the Ages,
And the first love of the world.”
But all the clocks in the city
Began to whirr and chime:
“O let not Time deceive you,
You cannot conquer Time.
“In the burrows of the Nightmare
Where Justice naked is,
Time watches from the shadow
And coughs when you would kiss.
“In headaches and in worry
Vaguely life leaks away,
And Time will have his fancy
To-morrow or to-day.
“Into many a green valley
Drifts the appalling snow;
Time breaks the threaded dances
And the diver’s brilliant bow.
“O plunge your hands in water,
Plunge them in up to the wrist;
Stare, stare in the basin
And wonder what you’ve missed.
“The glacier knocks in the cupboard,
The desert sighs in the bed,
And the crack in the tea-cup opens
A lane to the land of the dead.
“Where the beggars raffle the banknotes
And the Giant is enchanting to Jack,
And the Lily-white Boy is a Roarer,
And Jill goes down on her back.
“O look, look in the mirror?
O look in your distress:
Life remains a blessing
Although you cannot bless.
“O stand, stand at the window
As the tears scald and start;
You shall love your crooked neighbour
With your crooked heart.”
It was late, late in the evening,
The lovers they were gone;
The clocks had ceased their chiming,
And the deep river ran on.
W. H. AUDEN

Milkshakes

"Daydream delusion
Limousine Eyelash
Oh, baby with your pretty face
Drop a tear in my wineglass
Look at those big eyes
See what you mean to me
Sweet cakes and milkshakes
I am a delusion angel
I am a fantasy parade
I want you to know what I think
Don’t want you to guess anymore
You have no idea where I came from
We have no idea where we’re going
Lodged in life
Like two branches in a river
Flowing downstream
Caught in the current
I’ll carry you. You’ll carry me
That’s how it could be
Don’t you know me?
Don’t you know me by now?"
#Before Sunrise

terça-feira, 9 de julho de 2013

Eternidade

Não tenho certezas, nunca fui uma mulher de certezas na verdade.
Posso dizer que sou uma mulher de esperanças e continuidade. Nunca de eternidades. Tudo é finito, porquê atirarmos ao céu mentiras para rivalizarem com ele? Vivemos no sonho da expansão infinita acima de nós e deseja-mo-nos assim. Onde eu vivo o sol fica vermelho e tinge o céu durante umas horas, como o sangue que dizemos derramar por aqueles que nos fazem chorar e nos devolvem o coração feito esfarrapo.
Onde está a eternidade nisso?
Eu não tenho canção de amor, nem conto estrelas de mão dada. Não grito por atenção mesmo que o meu corpo entorpeça com o calor da tarde.
O tempo passou rápido por mim, cem lições para ensinar; não sei se cresci ou fiquei menos crente.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A morte do rei.

E a única opção é matar.
Atirar esperando a bala encontrar o seu caminho.
Dar um grito ao mundo, avisa-los, porque o rei vai cair.
Haverá sangue numa lâmina,
Estilhaços pelo chão sangrento,
E um conjuntos de buracos, balas alojadas por todo o corpo
Deixando o sangue fluir,
Até secar, até ser um cadáver,
Até ser comida para bichos e insectos,
esses nojentos,
que do nojo se alimentam.
Do morto.
Haverá rostos carregados,
que passam na rua e não reparam,

não reparam na poça de sangue viscoso,
como se ela fizesse parte das pedras mármore 
já sujas do tempo.
Ninguém acredita nesse fim.
Os finais felizes não existem.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

será preciso escolher?

Ir ao limite
Empurrar-me até ao fim do caminho
e incitar "salta! Voa!
Experimenta o que há
e inventa o restante,
fecha os olhos
guia-te na escuridão;
sem medos,
porque não há nada que temer!
Eu estou aqui,
a teu lado
acompanhando os teus passos".
Mas e então, falta quem diga
"Encosta-te,
Pensa livremente
Tenta dar todos os passos que quiseres,
Eu estou aqui,
não te largo um segundo,
não te deixarei cair,
não te farei tropeçar,
não terás medo
porque nada te atingirá."

terça-feira, 18 de junho de 2013

(Sonet-)

São uns arrepios,
São o sangue que ferve e percorre o corpo,
São as lágrimas em fogo,
Tentam deixar os olhos e fugir para longe,
Queimam sob a pele...
É o coração que pula sobressaltado
Como se nunca mais fosse pular,
Como se nunca mais fosse bater,
Como se o dia amanhã não fosse amanhecer mais,
Como se as ondas fossem deixar de ir e vir.
A energia sai de mim,
Tenta fazer este mundo mover;
Pois o silêncio estagna as águas,
Estagna o vento,
Estagna o coração.
Porque silêncio é só silêncio.

Não há nada.

domingo, 2 de junho de 2013

A dor, enterrei-a.

Eu gostava do cheiro característico ao chegar a casa, gostava do cheiro a terra molhada quando acabava de chover, gostava do cheiro das árvores na primavera, da melodia do vento nos ramos, dos pássaros a cantar. Gostava do meu canto, no meu quarto, só meu, todo aquele espaço, onde cresci, onde vivi e sobrevivi. Tantas recordações...
Sinto falta de ouvir o cão ladrar lá fora. Sinto falta de ouvi-lo arrastar a corrente na noite silenciosa. Lembro-me de como me sentia segura por te-lo ali fora, o meu guarda.
Sinto falta do cão que pulava nas minhas pernas ao meu ver.
Sinto falta dos meus gatos, de os ter todos aninhados a minha volta, na minha cama.
Sinto falta de cada um deles, duma forma que me faz doer o coração.

Quantas vezes disse que ali não era feliz, e tantas vezes que não fui, mas quantas vezes digo que não quero lá voltar, tudo o que havia lá, morreu ou desapareceu, ou já não é meu, não mais me pertence e não mais pertenço aquele lugar.
Mas porquê, porque tenho saudades?

E mais uma vez, vou esquecer esse sentimento, enterra-lo bem fundo em mim, e continuar (...)

sábado, 1 de junho de 2013

"Um fino se faz favor"


Bebo algo refrescante neste fim de tarde bem quente.
Gostaria dum botão "pausa", gostaria de ver o céu assim alaranjado, e apenas metade do sol no horizonte. é rápida a sua descida. Não acompanha a minha linha de pensamento.

Três linhas riscam o céu, três aviões se misturam com os pássaros, que para mim são apenas pontos entre o azul.
Há momentos na vida que queríamos eternos. Momentos que não deveriam passar, muito menos ser esquecidos. Momentos como este, em que não precisamos de mais nada, basta uma bebida, e fogo dançando com o gelo quando olhamos em frente. Coisas que nos fazem perceber como o mundo é grandioso.

Podemos senti-lo em variadas coisas. Podemos senti-lo ao observar uma cidade em movimento, a ouvir uma musica que realmente nos faz querer dançar, pular, cantar! Algo que toque o âmago de nós próprios.
Pode ser um sorriso, pode ser uma palavra, ou um conjunto de palavras, pode ser um toque, pode ser dar as mãos, pode ser um abraço apertado, pode ser um beijo daqueles que nos deixam com borboletas no estômago e nos fazem desejar mais. 
Pode ser uma troca de olhares. Sim, às vezes basta uma troca de olhares e o nosso dia fica belo, excitante, divertido, completo.
É bom sentir, mesmo que sem pausas.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um gostinho a chocolate...

"Sabes uma coisa que faz muito sentido na minha cabeça?sorrir ao pensar em ti. abraçar-te como se fosses o meu mundo, e eu caísse se te largasse, porque sem ti o chão desaparece. tocar-te para garantir que não é tudo um sonho,e és mesmo real e estás ao meu lado. (E) não te fujo meu amor, podemos estar a km de distancia que o meu pensamento não te larga um segundo que seja, como posso eu fugir assim? ou como posso eu querer fugir de ti, se me fazes bater o coração a mil à hora, me fazes ver o mundo em cores mais vivas, e me fazes querer dançar a todo o instante só porque estou feliz? A sortuda sou eu."

sexta-feira, 24 de maio de 2013

E se a Lua de papel se amachucar?

Não sinto que seja um caminho fácil. Algo me faz adivinhar tempestades, distantes, que abalarão mundos.
Tens muito de mim e eu muito de ti. temos muito de nós.
Mas também temos muito que nos pode separar.
O caminho vai sendo breve, segundo a segundo. o tempo está sempre a contar, mesmo que o relógio pareça parado quando me abraças e me seguras com o teu coração, ou me puxas para junto de ti.
Admiro essas tuas facetas, tão do meu agrado. Mas preocupa-me que tenhas outra, aquela que fará tudo acontecer rápido, que esgotará tudo o que temos, tudo o que poderíamos ter, eliminar tudo o que poderíamos construir. Terás essa faceta? Farás tudo o Mondego levar nas suas aguas para a terra do esquecimento? Deixarás ficar dor e vazio?

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Fatalismo.

"não vai resultar, comigo nunca resulta"

Já sei, desde inicio. O sonho repete-se todas as noite, e eu acordo coberta de suor, e lágrimas nos olhos,
Podia fazer juras, podia gritar o teu nome alto, ouvir-se-ia tão longe
Não.

Não ontem, Não hoje, Não amanhã-
Não faço juras
Estou mas não estou
Vejo-me de longe
Eu não sou eu quando estou contigo
Mas também não sou outra pessoa, não sou parte, não sou partes, não sou metade, nem sou só um pouco. Sou eu. Só que não sou. Vês-me à tua frente, tocas-me. Pareço-te real? Sou real? O que é real?

Como sabes o que é real? Sentes o coração bater? Eu sinto sempre o coração bater , não é justificação. Sentes o quê quando é real? O que sentes diferente? O coração bate duma forma especial? é verdade que as cores se tornam mais vivas e as borboletas enchem-nos o estômago e a vida? Senti-mo-nos voar mesmo não tendo asas? Flutuamos em vez de andar? Trazemos uma melodia connosco, e de repente a nossa vida possui banda sonora?
É essa a descrição que se faz? Mas então, tudo parece um sonho, como pode ser real?

Eu vejo-me de longe, observo-me. Parece mesmo um sonho, Que sorriso é aquele? E o brilho nos olhos? A que se deve? Tudo por causa dele?
Porquê a mão dada? A ligação é real? As mãos procuram-se uma à outra, como se de íman se tratassem. Eu observo. Que magia é esta? É magia certo?



Magia, realidade, sonho, vai dar tudo ao mesmo não é? Seja o que for. Eu acredito no mesmo. Acredito que tudo tem um fim, não sei procurar o que é real, tenho medo. O medo prende-me, o corpo, os movimentos, o coração, o cérebro, congela as borboletas, e o próprio ar. é forte o suficiente para congelar a total existência. Mas congela-me só a mim, e a toda esta vontade de SENTIR.

Quero libertar-me. Quero libertar-me do medo que é sentir. Quero libertar-me do medo de acabar, do medo da solidão, do medo de entregar-me na mão de alguém que me vai deixar cair e não me ajudará a levantar. Quero libertar-me do medo que sempre tive desde que cai a primeira vez. Quero libertar-me das muralhas, altas e que não me deixam chegar ao céu. Quero libertar-me do medo de correr descalça na areia. Libertar-me do medo de correr mar dentro e me deixar embalar por ele. Libertar-me do medo de abrir asas e voar. Libertar-me do medo de nunca ser suficiente, de nunca ser amada.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

ILoveMilka

Dizem que as melhores coisas acontecem quando não esperamos.

"Estás interessada nele?"

"Ele é simpático, mas não, não pensei nada disso"


Qual era a probabilidade de acontecer?
De me deixar levar por ti, de te perceber como um complemento de mim?
Temos tudo, e mesmo assim não temos nada.
Há tanto para construir e tanto por onde o fazer. Se ambos quisermos isto pode ser enorme. Podemos realmente criar algo.
Não é por acaso que foi o Mondego que nos juntou, no reflexo das suas águas. Nada foi por acaso. Não é por acaso que sorrio quando sorris, ou mesmo quando não o fazes-  não é por acaso que os abraços que damos são tão fortes, que nos apertamos, que nos puxamos um para o outro.

"Conta-me coisas sobre ti"

Ainda nos vemos com a mesma ânsia da primeira vez, ainda não nos afogámos em nós, e ainda nos arrepiamos com um breve toque.
Somos felizes em publico e em privado. Somos simplesmente felizes, em todas as alturas do dia, porque permanece nas nossas peles o cheiro um do outro, as memórias dos toques, as memórias dos beijos que não saem dos lábios, as mãos dadas, os passeios,

O tempo foi tão curto até ao dia, e mesmo assim quase parece ter passado uma vida a teu lado.
Dás um sabor especial a tudo.



"É preciso pedir-te em namoro quantas vezes para acreditares que é isso mesmo que quero?"

09.05.2013

há homenagens.

Tempo,
encarregas-te de dar contratempos.

a respiração sobrepõe-se à música de fundo. uma bailarina dança ao som da caixa de música. tem cabelos longos e ondulantes, não há vento mas eles esvoaçam como se também quisessem dançar.

Havia planos.
fugiram quando fechaste os olhos por segundos.

a bailarina fecha os olhos, o corpo parece dançar sozinho, como se fosse constituído pela própria musica. mas ouve-se a respiração profunda, de alguém adormecido, de alguém perdido. a realidade pode ser fria e cruel. Pode fazer um coração parar da bater. é suster a respiração, levar com um baque surdo de nada.
Era ter tudo na palma da mão, com ela bem esticada num precipício, e acreditar que nunca iria perder-se.
A queda foi grande, e a confiança nada segurou.

A bailarina continuou a dançar. alheia.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

"Amor Vadio"

Mais uma vez chegou o dia.
E tudo mudou.
Acho que hoje chorarei por tudo aquilo que passou e tudo aquilo que um dia terá que passar.
Cada ano uma nova história. Cada ano uma nova esperança, um novo futuro, um novo brilho na alvorada.
Já nada é igual. Nada é como a primeira vez.

A intensidade desapareceu, o ano de caloiro será sempre O ano. E nada, nunca baterá aquilo que vivi e que cresci. Toda uma nova vida se formou, e há um ano atrás eu estava só a começar a minha melhor semana,  teve os seus altos e baixos, como a vida, mas dela tirei a maior lição de vida que tive até hoje, e descobri aquilo que era a verdadeira paixão. Soube o que foi amor à primeira vista, e os dois meses seguintes foram de coração cheio. 
Hoje, hoje não tenho o coração cheio, tenho o coração meio cheio, meio vazio. Falta algo, como faltava algo há um ano atrás. Hoje ainda me questiono de como, como pode a vida dar e tirar? E como pode ela esperar que vivamos como se o coração nunca tivesse estado vivo e a transbordar? Como pode ela esperar que as recordações fiquem e não magoem? 
As manhãs acordam menos brilhantes, e o som da Cabra está mais distante. 
As noites são mais frias, e o aconchego foge, não toca as pontas dos dedos.

Faz um ano que vesti a Capa e Batina.
Faz um ano que fugi de quem me queria, que me tentei refugiar não sabia onde. Fugi porque magoava, e encontrei-me em quem fugiu de mim.
Hoje quero fugir de novo, e ninguém encontrar. Quero vaguear sozinha sem rumo, ao frio e ao vento, chuva se a houver, porque é assim que chora o meu coração.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Fica para amanhã.


Não gosto da palavra amor.





Um dia não fui assim. 
Um dia porém também acreditei que havia princesas como as dos contos de fadas, e um dia acreditei que poderia ser uma. Quando somos crianças tudo nos parece possível  porque o futuro está tão longe e há tanta coisa desconhecida. Não temos bem a compreensão do que é o mundo.
Hoje, reservo uma parte de mim a gostar dos contos de fadas, mas não gosto da palavra amor.
Não gosto como está gasta hoje em dia. Como está nas bocas do mundo por todas as razões. Não gosto de como é conjugado o verbo com toda a facilidade, como se a palavra não fosse mais que um brinquedo.
Tenho horror a quem a usa tão comummente como usa um "bom dia" ou um "olá". Confunde-me como hoje amam uma pessoa e amanhã amam outra. Não há definição para aquilo que é o amor, mas as pessoas divertem-se a arranjar. E depois usam-no, esquecendo o significado que lhe deram. Porque é isso que acontece, dão-lhe grandes significados, e o uso fica aquém - muito.
Eu não sei o que é, e não quero arranjar-lhe significado, pois supostamente ele deveria ser algo tão grande e esplendoroso que não deveria haver forma de o descrever.
Não mentiria dizendo que nunca dirigi um "amo-te" a alguém. Dirigi. E após um tempo percebi que empreguei mal a palavra. Aí entendi o como ela estava banalizada. 
Hoje, temo ouvi-la. Não quero ouvi-la, por saber a facilidade com que é empregada, e por não querer emprega-la da mesma forma fácil e sem sabor
Em tempos precisei de dar nomes às coisas, hoje concentro-me em viver as coisas, e deixar os nomes para depois, num outro dia.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Nevoeiro


Quando hoje acordei foi como ter dormido durante dias. 
Dias em que uma guerra se formou, e em que eu não sei quem venceu.
As coisas estavam fora do sitio, algo se quebrou num algures distante e misterioso, deixando atrás de si um rasto de duvida.
Foi como acordar no meio de um nevoeiro espesso, e não saber a saída. 
Tento combater o medo, que vem não sei de onde, de algum sitio dentro de mim. Não sei do que tenho medo, mas sinto-o a correr nas veias. Sinto a vontade de me fechar em mim e me deixar aqui ficar, onde eu não possa ver ninguém e ninguém me possa ver a mim.
É como combater um ser invisível, que me sussurra palavras incompreensíveis e me deixa inquieta.
É uma batalha mental. Tenho que ser mais forte.

terça-feira, 26 de março de 2013

Abraços à chuva

É estranho sentir de novo o teu cheiro e uma saudade brotar-me do peito.
Poderia ter chorado. Mas chorar porquê? Com que razão? Questionei-me e não chorei, por não saber a resposta.
A tristeza invadiu-me, uma tristeza doce, que eu não soube explicar.

[Não me incomoda admitir a ignorância que tenho sobre os meus próprios sentimentos. incomoda-me mais o que sei.
Nada é assim tão inevitável mas, quando nos conhecemos, como impedir algo que não queremos fazer mas que sabemos que iremos fazer?]

Gosto de ti, mas não sei quanto nem até quando.
Talvez não nos devêssemos ter conhecido.

William Shakespeare


"Let me not to the marriage of true minds                     
Admit impediments. Love is not love                             
Which alters when it alteration finds,                             
Or bends with the remover to remove:                           
O no! it is an ever-fixed mark                                        
That looks on tempests and is never shaken;                   
It is the star to every wandering bark,                            
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks       
Within his bending sickle's compass come:                    
Love alters not with his brief hours and weeks,              
But bears it out even to the edge of doom.                     
If this be error and upon me proved,                              
I never writ, nor no man ever loved."                             

segunda-feira, 25 de março de 2013

Indecisões


Talvez saibas o quanto te espero ao cair da noite. O quanto te quero nos meus braços e nos meus sonhos.
O que talvez não saibas é o meu balanço entre o ir e o ficar
No pendurar-me na ponte e fazer do rio o meu céu e do céu o meu chão. Ambos cobertos de estrelas, mais do que podemos contar juntos algum dia.
Queria eu apalpar as estruturas que dividem o gostar não suficiente do suficiente e do demasiado. Queria abandonar-me a desígnios ocultos e voar, ou flutuar, no meu mundo invertido.
Uma alma errante, como eu, que mais poderia fazer senão questionar-se?  senão partir? (Embora..) senão enraizar-se e crescer?
Os atalhos são desconhecimento. É preciso enfrentar tempestades e aceitar o florescer da primavera.
O dia ontem foi luz e hoje é escuridão. Mas no fundo todos temos o melhor e o pior. Só precisamos descobrir o que nos comanda.
Quando esse dia chegar te direi a minha decisão, se estiveres ainda disposto a ouvir.

sexta-feira, 22 de março de 2013

20 primaveras


A minha existência está aborrecendo-me.
20 primaveras. 


e nem um arrepio, um  friozinho no estômago, uma febre que nos deixa momentaneamente loucos, capazes das mais variáveis tarefas.
não há procura dum rosto entre a multidão, não há troca de olhares, sorrisos tímidos e conversas reveladoras. Não há troca de experiências. Não há um sentimento especial. Não há um dia especial. Não há  algo que nos aqueça a alma só de pensar.



E tornou-se um hábito (?) .