terça-feira, 15 de outubro de 2013

Corvos

São negros como o carvão. De olhos aguçados procura as próximas presas. Sempre atentos ao menor movimento, captando todo o seu redor. O ambiente está escurecido e a luz do dia mal se vê. Talvez uma tempestade se encaminhe.
O único som que se ouve são os seus pios. As árvores, essas, estão quietas, como esperando um acontecimento para acordarem.
O ar está estranhamente quente, como o leito de um enfermo, como uma febre que não passa.
A profecia talvez esteja certa e o mundo esteja prestes a acabar. Que fatalidade provocará tal destino?
Não passam mais de duas horas até que as primeiras  respirações comecem a falhar, os corações comecem a parar, os corpos comecem a cair. Os baques são surdos e as vozes perdem-se na garganta antes do grito nascer. Não há quem as levante agora da queda infinita que começaram. Morrer não é o fim. Cai-se mais, através do tempo e do espaço, uma dor que não termina, que não acalma, que não se esgota.
Consome-se o fogo em si e renasce, recria-se, revive.
Os corvos voam em volta dos corpos apodrecidos e incompletos, picam-nos, comem-nos, devoram-nos.
O mundo é um amontoado de corpos em deterioração, decompostos como lixo, é o banquete dos corvos.

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