quarta-feira, 8 de julho de 2015

Febre

Ela estava só. E há muito tempo assim estava. 
Mas sonhava. Sonhava tão alegre como em dor, por querer aquilo que não existia se não no seu pensamento. Fazia histórias entre fios e fios de imagens coloridas. De paixões arrebatadoras, encontros e desencontros intensos e de tirar o fôlego. E suspirava, enquanto lhe doía o coração, por querer demasiado. 
Lia romances e sonhava mais alto com o seu. Com um toque proibido, que a fazia morder os lábios para se castigar por querer algum bandido a morde-los e a deseja-los. Queria que lhe roubassem a sua essência sem pedir, que a puxassem e mal a deixassem respirar com o desejo. Que não a deixassem pensar entre os beijos fogosos, e a fizessem arder como se estivesse com febre.
Ela queria um amor que a consumisse.
E era assim consumida pelo próprio pensamento. E era infeliz.

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