Prende-se na garganta um suspiro. Os olhos baços admiram a lua lá no alto. E parece a noite consumir tudo ao seu redor. Há um conforto no silêncio, embora uma banda sonora toque dentro da mente.
Tudo desaparece, e ficam só as estrelas e a lua. Quem sabe o corpo flutue, ou voe, ao seu encontro.
Viro-me para dentro. Poderia pegar numa memória e desenrola-la até hoje, mas vejo-as passar. O sono manda os olhos fechar, e o corpo relaxa de encontro à parede fria. Nada o parece acordar, e o silencio é quebrado pelos pássaros enchendo o ar com a sua melodia, e os primeiros raios de sol escondem as estrelas até à próxima noite. Porque não ficar? Banhar-me nessa luz dourada da manhã, até chegar de novo a noite e despertar deste sono passageiro.
O corpo recusa-se a mexer, e os sonhos preenchem agora o mundo. É como se parasse, durante uns dias. Ou voltasse atrás. Voltaria atrás, para poder saborear mais uma vez o sol a beijar o rio à chegada e à despedida, e a lua a subir no alto como um balão. Contar as estrelas, até serem mil e eu me perder no seu leito.
Agora não há tempo. Chegou a hora de dormir.
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