A minha alma enverga o vermelho, e o meu coração o preto.
Talvez não haja razão para toda esta intensidade.
Mas este preto simboliza a dor. A dor de ter perdido algo que nunca cheguei a ter. A dor preenche, fulminante. Queria poder apaga-la, tal como queria evitar que o sangue escorresse da ferida aberta.
Mas é difícil. O sangue não parece querer estancar e a dor não abranda.
As luzes vão apagando na cidade, uma a uma, até ficar completamente escuro. Parece que todo o mundo foi embora. E deixaram-me. Deixaram-me com esta ferida, e encharcada em sangue. Deixaram-me para trás, porque ninguém me saberia curar, e a escuridão era já demasiada para se poderem aproximar.
Ainda caminhei, deixando grandes poças de sangue atrás de mim e um cheiro nauseabundo. Mas apesar do prenúncio a morte, o meu coração continua a bater.
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