Olho desfocado. Sinto me ausente deste mundo, deslocada.
Procuro pertença, mas encerro em mim o pecado de viver. Queria que fosse simples, o pisar de um chão que não cola no meu pé. Cola-me as folhas velhas e escorregadias, dum outono que foi também inverno, duma chuva que volta e entope as canalizações, contamina a água potável.
Oiço o som do demónio ao longe a troçar, que de mim nem é, porque a agenda dele não me contempla.
Encerro em mim uma loucura que me persegue, que me queima em lume brando, que me ensurdece os sentidos. Fujo de mim, correndo da sombra que não foge do meu toque. Às vezes queria apagar-me, só para descansar.